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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

MIANDICA...Norte de Moçambique o Inferno..~

     MIANDICA“ Terra do outro mundo

     

                              A sempre esperada avioneta  DO















                                  Algures a caminho do Lunho
A região de Miandica, no Niassa Ocidental, era uma zona onde a Frelimo se encontrava fortemente implementada, construindo ali algumas das suas bases

 mais importantes, nomeadamente a do Mepotxe. Era centro nevrálgico da subversão. Assim, os “visionários” altos comandos do Sector, decidiram, para travar o ímpeto da Frelimo, que a solução ideal seria instalar em Miandica o Comando de Batalhão que tivesse a seu cargo a área do Lago.
Naquele futuro “quartel” seria, segundo palavras que nós próprios ouvimos no local ao 2º Comandante do Sector, que efectuou em Abril de 1967, “um punhal cravado no coração do inimigo”. Vai daí, foi ocupada a região da antiga povoação de Miandica estabelecendo-se o estacionamento, junto às margens do rio Mecondece, em 22 de Setembro de 1966, por um pelotão da CCAV 1507 do BCAV 1879. Com a mudança operacional no subsector, Miandica passou a ser ocupada por pelotões, primeiro da CCAÇ 1559 e depois da CCAÇ 1558 do BCAÇ 1891. Decorrido um ano nova mudança se operou na região, pelo que é a Cart 2325 do Bart 2838 que destacou o seu pelotão para a “terra do nada”.
Foi efémera a estadia desta força em Miandica, porquanto, o COMSEC, determinou, em 3 de Abril de 1968, a extinção deste destacamento por se saber da intenção da Frelimo atacar, com grandes efectivos, as pequenas forças da N.T
Ao cabo de 22 meses, concluíram as altas “esferas” militares que o “punhal a cravar no coração do inimigo” produziu efeitos contrários, ou seja, atingiu aqueles que ali sobreviveram nas mais precárias condições, enterrados em buracos e com abastecimentos tardios, onde o inimigo se deleitava, a seu belo prazer, atacar aqueles indefesos militares encurralados entre barreiras erguidas por uma máquina de engenharia, CEngª 1531, ali colocada para construir uma pista de aviação.
Como já dissemos, o destacamento de Miandica foi abandonado em Abril de 1968. Todavia, anos mais tarde, já com a picada reconstruída, deslocaram-se ao local, onde fora “erguido” o estacionamento, os capitães Cardoso e Silva Santos das CCaç 4141 e 2ª do Batalhão de Cavalaria 8420, respectivamente, com a missão de avaliar da possibilidade de instalar um novo aquartelamento em Miandica.
Naquela sua “visita”, os dois graduados, fizeram questão em registar o momento junto à placa, ainda de pé, com a identificação da pista de aterragem.
Refira-se, que durante o tempo em que ali permanecemos, nem todos os pilotos aterravam naquele local, por entenderem não existir, nem condições técnicas nem de segurança para o efeito, pelo que se limitavam, em voo rasante, a lançar o correio e os géneros ao longo da pista.

Este texto e as fotos foram retirados do Livro AQUARTELAMENTOS DE MOÇAMBIQUE de autoria de MANUEL PEDRO DIAS ex. combatente da CCaç 1559

NOVAMENTE MIANDICA
Não estamos fora da verdade ao afirmar que praticamente todos os operacionais do BCAÇ 1891 passaram por Miandica. Alguns integrando os pelotões para ali destacandos, outros fazendo parte das forças militares destinadas a efectuarem operações de grande envergadura a partir daquele local. Quer uns, quer outros,  não estarão certamente esquecidos de como era viver naquele inóspito lugar.
Numa das nossas acções de pesquisa, sempre em busca de algo que se enquadre com os propósitos da nossa Revista, descobrimos um site, da autoria do Capelão da Unidade que nos rendeu no Niassa (BArt. 2838), que nos fala de Miandica.
Os velhinhos de quem se fala, a morte ocorrida no ataque”A”(soldado António Fernandes) bem como ”B” Nossa Senhora de Miandica são nomes ligados à nossa CCAÇ. 1558 rendida por igual força da CArt. 2325.
Texto de Manuel Pedro Dias retirado da revista”Batalhão”) nº10 de Maio de 2004
NOTA DO BLOG: ”A” Para melhor entendimento sobre a morte do Fernandes consulta no Blog a crónica “Morte em Miandica” de António Carvalho.
“B” Num dos muitos dias de desânimo e de angustía, que se viviam em Miandica no final de Outubro de 1967, devido à falta de géneros alimentícios e do tabaco, apesar dos insistentes pedidos via rádio à Companhia em Nova Coimbra e ao Comando do Sector em Vila Cabral. O saudoso Alferes Monteiro, conversando com o Amadeu, o Matos e o Júlio teve a brilhante ideia de pedir ao Movimento Nacional Feminino, uma imagem de Nossa Senhora. Este pedido foi de imediato atendido e no dia 10 de Novembro de 1967 ela já estava junto à barreira e à bandeira Nacional. Os géneros só passados mais alguns dias é que chegaram e graças à boa vontade dum piloto da Força Aérea
Como o Padre Pierre Teilhar de Chardin em
MISSA SOBRE O MUNDO
Um capelão militar em África. Norte de Moçambique, Miandica, 1 de Abril de 1968
José Rabaça Gaspar

Uma vez mais, eis que não tenho um altar, nem toalhas, nem hóstia, nem cálice, para celebrar o sacrifício da Missa. Estamos em plena guerra e de rigorosa prevenção. As tropas de elite saíram para uma operação, não pode haver ajuntamentos ou actividades que não permitam uma reacção pronta e imediata. Estamos em pleno mato. É o destacamento mais pequeno e isolado do batalhão, no meio do maior isolamento e desolação! Somos cerca de três dezenas de soldados. Tenho os nervos num feixe como eles mas não o posso dar a entender. É pior a expectativa do que a acção planeada e movimentada, comenta o comandante do destacamento, um alferes miliciano com os estudos em suspenso, até ao fim da guerra dele ou…para sempre…?... Há rumores. Há ditos. Há avisos. Houve certas informações. Houve um morto há poucos dias precisamente no dia em que este grupo veio substituir o destacamento  que cá estava. Vieram atrás de vocês checas dum raio. Uma vez ou atacam de longe daquele… e mal tiveram tempo de se abrigar, as granadas de morteiro começaram a chover e foi um tiroteio infernal. Os checas não se mexem, abrigam-se. Deixem actuar os “velhinhos”, o do morteiro, sozinho, valia por um exército inteiro, chegou a juntar cinco tiros no ar…A primeira granada deles acertou em cheio na barreira onde eles estavam… a segunda ao pé do mastro e a terceira foi a que matou o soldado Fernandes e o resto dos estilhaços bateram no nicho que além erguemos a Nossa Senhora de Miandica  Rogai por Nós ...que ali está desde 10 de Novembro de 1967, senão teria sido aqui uma mortandade completa. Esta santinha deve ter salvo muitos de morrerem. Só aquele é que não se salvou. As outras já foram cair longe para a mata. Com os primeiros tiros, o morteiro deve ter-se deslocado e foi a nossa salvação e a reacção pronta e estrondosa deve ter desmoralizado os Turras que atacavam. Dentro em pouco estava tudo sereno e não houve mais ataques até hoje. Valha-nos aqui Nossa Senhora que este destacamento é só um matadouro sem utilidade nenhuma, a guardar um mastro com a bandeira no meio do deserto que é esta mata inexplorada…
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Parte do texto de José Rabaça Gaspar retirado da revista “Batalhão” nº10 de Maio de 2004

Crónicas do tempo perdido

Corria o mês de Fevereiro de 1968, um domingo antes do Carnaval, quem escreve estas linhas lia o livro, de título “ Sob o nevoeiro” enviado pelo Movimento Nacional Feminino, sentado no posto de vigia a noroeste do destacamento, quando vejo aparecer um branco de camuflado, com a G3, arrojada pela terra, e muito cansado. Grito-lhe, não dás nem mais um passo… e porquê esta minha atitude… ( nas vésperas tínhamos recebido informação dum golpe de mão prepetado por brancos num destacamento,  contra nós, na zona de Cabo Delgado, O sujeito bem berrou que era do pelotão que nos vinha render,,, começaram a chegar mais militares e pouco depois começou um forte de bombardeamento, por uma arma nunca usada contra nós naquela zona, o canhão sem recuo. Depois, sofremos a última baixa em combate, o soldado Fernandes.
Nota final: passados dois meses Miandica foi abandonada parece que sem honra nem glória. Ao que me contaram em Vila Cabral, quando com quase 26 meses de Moçambique fomos chamados de novo a intervir na zona de operações na região de Nova Viseu !

José do Rosário C.Caç 1558

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Porque se morre tanto de cancro em Alvalade

                                                             



                                INTRODUÇÃO: 

Estávamos nos finais dos anos 70,encontrei o Dr. Fernandes junto ao café central, e por me questionar o que é que eu andava a fazer,  tive que lhe dizer que tinha ido à várzea do lado do rio Campilhas, apanhar uma caixa de tomate, que me foi oferecida por um amigo meu. E contei-lhe que tinha desistido de apanhar o tomate, porque era tanta a poluição dos produtos usados pelas avionetas que era quase impossível respirar. E ele só me disse isto: daqui a uns trinta anos a população de Alvalade está a pagar a factura.

Hoje lembro-me sempre desta sua  (maldição) observação !  Será que ele tinha razão?
 Como toda a gente sabe:

cancro é uma doença dos tempos modernos, mas com especial incidência nos grandes centros urbanos, com elevados índices de poluição industrial, da grande circulação de veículos automóveis, e onde a alimentação fast food é também mais significativa nos hábitos alimentares, etc.

Alvalade é uma freguesia rural, sem fábricas nem indústrias poluidoras, e com ar puro que se pensa ser puro. Uma terra, onde as pessoas fazem uma alimentação próxima ou igual à mediterrânica, consomem sopa, fruta, bom azeite, etc.

Mesmo assim já pararam para pensar que cerca de 90% dos óbitos em Alvalade são por doença oncológica???

Estará alguma coisa mal em Alvalade, que contribua para este elevado número de neoplasias malignas que todos os anos surgem entre a população e que vão 
levando massivamente os Alvaladenses???

- Será que as canalizações/condutas de fornecimento de água do centro histórico, antigas, obsoletas, a maioria ainda em fibrocimento (eventualmente com amianto, altamente cancerígeno) têm alguma influência nesta vaga mortal de carcinomas malignos entre a população Alvaladense?

Quem não se lembra das dezenas de pulverizações ANUAIS de químicos feitos através de avionetas que foram espalhadas pelas várzeas e terras de Alvalade, nas décadas de 70 e 80, para curar lavras de tomate e outras culturas, com produtos altamente tóxicos e alguns hoje proibidos pela UE?

- A incidência elevada de doenças oncológicas nos Alvaladenses será resultado do contacto directo com esta elevada quantidade de produtos químicos durante anos consecutivos?

-Estarão os nossos campos, as valas de rega,  riachos
, lençóis freáticos, etc, ainda infestados com esses produtos químicos, e terá isso alguma influência na cadeia alimentar local?

-Também terá efeito as dezenas de quilos de chumbo que podem estar nas terras Alvaladenses, da vaga quase desenfreada da caça e o grande número de caçadores que durante décadas calcorrearam cada palmo de terreno da freguesia, atrás de uma lebre, de um coelho, uma perdiz, etc, disparando cargas de chumbo contra tudo o que mexia, etc?

E esse chumbo dos caçadores espalhado nos campos e agora em decomposição, que escorre para os riachos, valas, etc, lençóis-freáticos, terá alguma influência nefasta na cadeia alimentar local?


- As indústrias poluidoras de Sines, terão algum impacto no ar que se respira em Alvalade? 
Chegarão a Alvalade, com os ventos, micro-partículas prejudiciais para a saúde, das indústrias de Sines?

Será tudo isto especulação  ou não?

Alguém parou, para pensar nisso a sério?

A única certeza é que, aparentemente e inexplicavelmente, parece que vamos MORRER QUASE TODOS DE CANCRO EM ALVALADE!  Uma terra rural, e sem indústrias nem pesadas nem leves, nem outras fontes poluidoras!


Tudo o que escrevo aqui são apenas suposições sem qualquer prova cientifica...