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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

E a Europa dos falcões pode derrotar os gregos. Mas não sairá ilesa deste combate




O leitor lembra-se da primeira viagem que François Hollande fez após tomar posse?

E qual foi a primeira viagem que Passos Coelho fez depois de tomar posse(embora antes já tivesse feito algumas para o mesmo destino)? 
                                                                                                                                             Pois, foram as duas a Berlim para colocar a chanceler Angela Merkel a par dos seus planos. E ainda se lembram do ex-ministro português das Finanças, Vítor Gaspar, a pedir delicadamente ajuda ao seu homólogo alemão, Wolfgang Schauble, com este a dizer-lhe displicentemente que depois de haver resultados se veria? Pois, os gregos não fizeram nada disso e vieram lembrar-nos que a ordem natural das coisas na Europa é outra.O poder na União Europeia está hoje em Berlim. 

 Melhor: está em Angela Merkel e Wolfgang Schauble e, depois deles, em todas as suas correias de transmissão,desde primeiros-ministros e governos submissos, a economistas, universitários,analistas e comentadores, cada qual mais fundamentalista que o anterior. Ora o primeiro-ministro e o ministro das Finanças gregos, Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis, fizeram algo tão simples como colocar no topo dos seus interlocutores europeus o Parlamento, a Comissão e os Estados membros sem discriminação.É algo tão natural que ninguém se devia surpreender. Mas como nos últimos anos os líderes fracos que governam a Europa (e o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que ocupou o cargo durante uma década) deixaram que o eixo do poder se movesse para a Alemanha sem qualquer oposição, a decisão grega surge quase como uma afronta à ordem estabelecida. Mas não. A ordem que existia até agora é que não é normal. A Europa foi construída como base na solidariedade e a igualdade entre os Estados membros e não como uma organização em que manda um e todos os outros obedecem. E por isso todos nós, europeus, temos de agradecer a Tsipras e a Varoufakis por estarem a devolver aos europeus o orgulho de pertencerem ao clube mais solidário e democrático do mundo. Temos de lhes agradecer igualmente que nos estejam a mostrar que há mais que um caminho para combater a crise e que não é possível continuar a insistir na austeridade, com os péssimos resultados sociais, económicos e em matéria de dívida externa que estão à vista de todos. Temos de lhes agradecer também que recusem receber ordens de estruturas não sufragadas eleitoralmente, como o Eurogrupo. E que recusem ainda mais ordens enviadas por e-mail. Temos de lhes agradecer que se reúnam com ministros das Finanças dos países da zona euro e não tenham receio em discordar publicamente deles no final dos encontros. Temos de lhes agradecer que obriguem Wolfgang Schauble a dizer no final do encontro que «concordámos em discordar». Temos de lhes agradecer que não andem a negociar de mão estendida e de cerviz curvada. Temos de lhes agradecer que nos lembrem o que é a dignidade de um povo e o seu direito a escolher o seu destino e a ser respeitado por isso. Temos de agradecer a Tsipras e a Varoufakis que estejam a levar a Europa a interrogar-se. A interrogar-se sobre o que tem andado a fazer em matéria de combate à crise. A interrogar-se sobre que sociedades está a criar nos países periféricos. A interrogar-se sobre o modelo económico que lhes está a destinar.A interrogar-se sobre se tem sido suficientemente solidária ou se tem sido coerente na sua ajuda ou se não tem deixado a condução do processo demasiado nas mãos do Fundo Monetário Internacional. Não se sabe como este braço de ferro vai acabar. Os gregos são obviamente o elo mais fraco e o Banco Central Europeu deu-lhes esta semana uma punhalada que pode ser fatal. Mas desenganem-se aqueles que pensam que os gregos vão ajoelhar. Em Termópilas eram 300 contra o maior exército do mundo. Tiveram várias propostas para se renderem, desde que prestassem vassalagem a Xerxes, rei da Pérsia. Não o fizeram. Preferiram morrer de pé a viver de joelhos. E só foram vencidos pela traição. A Europa dos falcões pode derrotar os gregos. Mas não sairá ilesa deste combate. É bom que todos os líderes europeus medíocres pensem nisso antes de se unir para esmagar os espartanos de novo.  
                                                                                                                                                  Nicolau Santos Expresso

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Então anunciarão que a crise acabou!

Concha Caballero

Partilho convosco este magnifico texto:


Concha Caballero é licenciada em filosofia e letras, é professora de línguas e literatura. Entre 1993 e 2008 ocupou um lugar no parlamento da Andaluzia.
Deputada autonómica entre 1994 e 2008 foi uma das deputadas chave na aprovação da Reforma do Estatuto Autonómico da Andaluzia a que imprimiu um caracter mais social e humano do que, no principio, os grupos maioritários do parlamento pretendiam.
Actualmente colabora em diferentes meios de comunicação. Escreve sobre actualidade politica. Em 2009 publicou o livro “Sevilha cidade das palavras”.
 
O dia em que acabou a crise!


Quando terminar a recessão teremos perdido 30 anos de direitos e salários…


Um dia no ano 2014 vamos acordar e vão anunciar-nos que a crise terminou. Correrão rios de tinta escrita com as nossas dores, celebrarão o fim do pesadelo, vão fazer-nos crer que o perigo passou embora nos advirtam que continua a haver sintomas de debilidade e que é necessário ser muito prudente para evitar recaídas. Conseguirão que respiremos aliviados, que celebremos o acontecimento, que dispamos a actitude critica contra os poderes e prometerão que, pouco a pouco, a tranquilidade voltará à nossas vidas.

Um dia no ano 2014, a crise terminará oficialmente e ficaremos com cara de tolos agradecidos, darão por boas as politicas de ajuste e voltarão a dar corda ao carrossel da economia. Obviamente a crise ecológica, a crise da distribuição desigual, a crise da impossibilidade de crescimento infinito permanecerá intacta mas essa ameaça nunca foi publicada nem difundida e os que de verdade dominam o mundo terão posto um ponto final a esta crise fraudulenta (metade realidade, metade ficção), cuja origem é difícil de decifrar mas cujos objectivos foram claros e contundentes:

Fazer-nos retroceder 30 anos em direitos e em salários


Um dia no ano 2014quando os salários tiverem descido a níveis terceiro-mundistas; quando o trabalho for tão barato que deixe de ser o factor determinante do produto; quando tiverem ajoelhado todas as profissões para que os seus saberes caibam numa folha de pagamento miserável; quando tiverem amestrado a juventude na arte de trabalhar quase de graça; quando dispuserem de uma reserva de uns milhões de pessoas desempregadas dispostas a ser polivalentes, descartáveis e maliáveis para fugir ao inferno do desespero, ENTÃO A CRISE TERÁ TERMINADO.

Um dia do ano 2014, quando os alunos chegarem às aulas e se tenha conseguido expulsar do sistema educativo 30% dos estudantes sem deixar rastro visível da façanha; quando a saúde se compre e não se ofereçaquando o estado da nossa saúde se pareça com o da nossa conta bancária; quando nos cobrarem por cada serviço, por cada direito, por cada benefício; quando as pensões forem tardias e raquíticos; quando nos convençam que necessitamos de seguros privados para garantir as nossas vidas, ENTÃO TERÁ ACABADO A CRISE.
Um dia do ano 2014, quando tiverem conseguido nivelar por baixo todos e toda a estrutura social (excepto a cúpula posta cuidadosamente a salvo em cada sector),pisemos os charcos da escassez ou sintamos o respirar do medo nas nossas costas; quando nos tivermos cansado de nos confrontarmos uns aos outros e se tenhas destruído todas as pontes de solidariedade.ENTÃO ANUNCIARÃO QUE A CRISE TERMINOU.
Nunca em tão pouco tempo se conseguiu tanto. Somente cinco anos bastaram para reduzir a cinzas direitos que demoraram séculos a ser conquistados e a estenderem-se. Uma devastação tão brutal da paisagem social só se tinha conseguido na Europa através da guerra.

Ainda que, pensando bem, também neste caso foi o inimigo que ditou as regrasa duração dos combates, a estratégia a seguir e as condições do armistício.
Por isso, não só me preocupa quando sairemos da crise, mas como sairemos dela. O seu grande triunfo será não só fazer-nos mais pobres e desiguais, mas também mais cobardes e resignados já que sem estes últimos ingredientes o terreno que tão facilmente ganharam entraria novamente em disputa.

Neste momento puseram o relógio da história a andar para trás e ganharam 30 anos para os seus interesses. Agora faltam os últimos retoques ao novo marco social: um pouco mais de privatizações por aqui, um pouco menos de gasto público por ali e “voila”: A sua obra estará concluída.
Quando o calendário marque um qualquer dia do ano 2014,
mas as nossas vidas tiverem retrocedido até finais dos anos setenta, decretarão o fim da crise e escutaremos na rádio as condições da nossa rendição.”


Concha Caballero

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Estrutura Residencial Para Idosos de Alvalade-Sado (Lar)

                Casa do Povo de Alvalade- Alvalade- Sado

                               LAR DE IDOSOS

                                     Publicado em Fevereiro de 2015


Estrutura Residencial para Idosos de Alvalade

Historial
 A vontade da Direcção  era  inaugurar e abrir aos utentes o novo Lar de Idosos, em Setembro, porém, a incerteza sobre a celebração ou não de um Acordo de Cooperação, com a Segurança Social, atrasou a inauguração , pois esta  informação era fundamental para abrir as inscrições.


Casa do Povo de Alvalade-Sado

O  equipamento da Casa do Povo de Alvalade tem capacidade para 60 utentes e está pronto, decorrendo, durante o mês de Agosto, a fase de limpeza e colocação do mobiliário. O desejo dos dirigentes da instituição é que a valência abre em Setembro, mas ainda há muitas dúvidas no ar.
Abrir o Lar sem Acordo de Cooperação não é impraticável, porque há sempre gente que pode pagar, mas levanta-nos muitos problemas. A começar pela população que vê as suas expectativas defraudadas com a criação de um equipamento que é, como se diz, para ricos”, afirma Luís Silva, presidente da instituição e que está na casa do Povo desde 1976.

O Presidente e o Vice- Presidente da Casa do Povo de Alvalade

“Esperemos que haja comparticipação do Estado, senão acontece como um equipamento que há aqui perto, que não tem Acordo de Cooperação, está cheio, mas não tem ninguém da aldeia… Quem mais pode é que está lá porque pode pagar”, lamenta, revelando acerca das expectativas futuras da Direcção: “Quando avançámos para isto não sabíamos que não haveria Acordo… Temos esperançaporque em Abril abriu um Lar na freguesia vizinha de Abela e está cheio, sendo que tem Acordo de Cooperação apenas para algumas vagas. Esse foi construído no âmbito (do PARES”.)
A nova Estrutura Residencial Para Idosos, construída em Alvalade, custou 2,1 milhões de euros, ao abrigo do POPH, cabendo à instituição um valor de cerca de 900 mil euros. Quanto à questão do Acordo de Cooperação, Luís Silva adianta ainda: “Da Segurança Social dizem-nos que vão cortar nas instituições com acordos firmados e que não tenham o número de pessoas do Acordo e que isso vai reverter para novos acordos… Não sei se isso vai ser aplicado ou não… Mas do conhecimento que tenho do distrito de Beja, quando abriu um lar na freguesia de S. Bárbara de Padrões, concelho de Ourique, dos 40 lugares apenas sete eram comparticipados, mas pouco tempo depois aumentaram bastante o número de comparticipados. Aqui ainda não sabemos como vai ser, mas temos que saber! Queremos inaugurar o Lar em Setembro e temos que saber como é, até para começarmos a receber as inscrições, porque é muito diferente o valor a pagar pelas pessoas se houver Acordo e se não houver”.


Crianças da creche da Casa do Povo- O  Comboio.
A isto, o vice-presidente Ricardo Cruz acrescenta: “Não podemos esquecer que as reformas aqui são todas da ordem dos 300, 400 euros. A maioria das pessoas é do Regime Rural”.
E se inicialmente a comparticipação na obra era de 60%, entretanto passou para 75%, tendo o presidente Luís Silva esperança de que ainda possa ver aquela percentagem aumentada, até porque, como revela: “O nosso Lar, segundo o projecto, é uma obra transconcelhia. Nós estamos na ponta interior do concelho, com fronteira com os concelhos de Odemira, Ourique, Aljustrel, e há muita gente a querer vir para cá. Sabemos disso porque estamos a ser muito contactados, apesar de ainda não estarmos a receber inscrições”.

Outrora concelho, Alvalade do Sado é a freguesia mais interior do concelho de Santiago do Cacém e a mais distante da capital de distrito, Setúbal. Viveu durante muito tempo, e ainda agora em grande parte, da lavoura, onde durante muitas gerações imperou o latifúndio, mas actualmente a Casa do Povo é, simplesmente, o maior empregador da freguesia. Hoje são 44 os funcionários do quadro, a que se juntam mais nove colaboradores ao abrigo de um protocolo com o IEFP.







Apesar do grande investimento que a instituição teve que fazer, a saúde financeira não é problemática.
“É equilibrada, mas, neste momento, a nossa dívida ao Crédito Agrícola é de 970 mil euros”, sustenta Luís Silva que revela ainda que a instituição, com a campanha de donativos para a construção do equipamento, ter conseguido qualquer coisa como “50 mil euros”.


CASA COM 71 ANOS

“A Casa do Povo de Alvalade foi criada em 1943 e, ao contrário daquilo que aconteceu no resto do Alentejo, em que eram sindicatos dos trabalhadores rurais mas comandados pelos patrões, aqui em Alvalade isso não aconteceu”, começa por contar Luís Silva, recordando: “Os fundadores foram um professor primário, do Norte que estava aqui destacado, um industrial de calçado, um comerciante de retalho e pequenos produtores, mas os grandes latifundiários não estavam cá integrados nos órgãos fundadores e directivos”.
Uma das grandes aspirações da altura era a assistência médica, passando a população rural a ter cuidados de saúde com a criação da Casa do Povo, que se instalou numa casa pequena e em 1964 foi, então, construído o edifício-sede, no centro histórico da freguesia.
“Com o 25 de Abril muitas Casas do Povo foram extintas, mas especialmente devido à extinção do organismo da tutela, em 1991, que era Junta Central das Casas do Povo. Nessa altura foram muitas as que desapareceram”, lembra o presidente da instituição, acrescentando: “No entanto, a Casa do Povo de Alvalade nunca deixou a sua actividade sócio-cultural e recreativa. A opção foi pela área social e em 1982 surgiu o Centro de Dia, no primeiro andar do edifício-sede, mudando para este novo em 2003, e dois anos depois, em instalações da autarquia, o Jardim-de-Infância O Comboio”.



Crianças do Jardim de Infância - O  Comboio.

Actualmente, a Casa do Povo de Alvalade acolhe em «O Comboio» 25 bebés em creche e outros tantos petizes em pré-escolar, 107 idosos em Centro de Dia, sendo que apenas 90 lugares estão protocolados, e ajuda 75 utentes em Serviço de Apoio Domiciliário (35 em sete dias e 40 apenas cinco dias) e ainda 264 pessoas no âmbito do PCAAC - Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados.
Os 30 anos do Centro de Dia tem funcionado como uma verdadeira revolução em Alvalade, com os idosos a abrirem-se a novas realidades.
“Os nossos idosos mudaram bastante desde que temos aqui um jovem animador social, que chega a ter a sala cheia em dias de actividades. Para além disto, ainda temos ginástica para as crianças e para os idosos”, revela Luís Silva, que realça: “Não esquecendo que estamos num meio rural, gostaríamos de ter também aulas de música, porque, estou certo, que alguns ainda gostariam de aprender ou recordar. Nas sedes de concelho há uma outra realidade que são as universidades sénior, mas aqui seria um pouco complicado porque as pessoas não cresceram nesses meios, mas não quer dizer que não se motivassem também. Dantes também não pintavam e agora fazem-no. Aqui há uns anos não havia nada disto, mas também não havia técnicos. Em, boa hora as instituições começaram a integrar técnicos nos seus quadros”.
Paralelamente às três respostas sociais, a Casa do Povo de Alvalade sempre acompanhou a comunidade tentando integrá-la social e culturalmente. Este acompanhamento é feito através de actividades culturais e recreativas e ainda do bar da sede, que dispõe de todas as condições de conforto e bem-estar, incluindo um posto de Internet.

Mais Utentes 

A este propósito, Ricardo Cruz refere as “colónias de férias do infantário e para a comunidade, o Baile da Pinha, que é uma tradição muito antiga, as Festas de S. João, com marchas infantis, a Feira Medieval, criada por nós e com a participação de muitas outras instituições”, sublinhando que “são tudo actividades abertas à população”.
Por seu turno, Luís Silva deixa um lamento: “Dantes faziam-se muito mais actividades culturais, como teatro, mas agora os tempos são outros, as pessoas são outras e a juventude tem outros interesses, como os computadores e os jogos”.
E como seria Alvalade sem a Casa do Povo? “Não faço ideia”, diz Luís Silva, ao que Ricardo Cruz acrescenta: “Numa visão mais jovem, a Casa do Povo é o ex-libris da terra. Aqui na região há diversas Casas do Povo activas, mas nenhuma como a nossa, nem tão grande. Talvez aqui o povo seja mais unido, porque qualquer coisa da Casa do Povo é sempre algo para a terra”.

Com a devida vénia retirado daqui

Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos), Ao Pedro Vasco de Oliveira, os meus agradecimentos,(Como Alvaladense) por esta publicação e ao mesmo tempo, as minhas desculpas pelas alterações feitas no texto. Apenas e só,,,,, no tempo e na localização






domingo, 8 de fevereiro de 2015

E Entre os países que perdoaram 50% da dívida alemã estão a Espanha, Grécia e Irlanda.

Acordo de Londres sobre as vidas Alemãs | Entre os países que perdoaram 50% da dívida alemã estão a Espanha, Grécia e Irlanda.

Os negociadores da Divida Alemã


O Acordo de Londres de 1953 sobre a divida alemã foi assinado em 27 de Fevereiro, depois de duras negociações com representantes de 26 países, com especial relevância para os EUA, Holanda, Reino Unido e Sça, onde estava concentrada a parte essencial da dívida.


A dívida total foi avaliada em 32 biliões de marcos, repartindo-se em partes iguais em dívida originada antes e após a II Guerra. Os EUA começaram por propor o perdão da dívida contraída após a II Guerra. Mas, perante a recusa dos outros credores, chegou-se a um compromisso. Foi perdoada cerca de 50% (Entre os países que perdoaram a dívida estão a Espanha, Grécia e Irlanda) da dívida e feito o
reescalonamento da dívida restante para um período de 30 anos. Para uma parte da dívida este período foi ainda mais alongado. E só em Outubro de 1990, dois dias depois da reunificação, o Governo emitiu obrigações para pagar a dívida contraída nos anos 1920.

O acordo de pagamento visou, não o curto prazo, mas antes procurou assegurar o crescimento económico do devedor e a sua capacidade efectiva de pagamento.


O acordo adoptou três princípios fundamentais:
1. Perdão/redução substancial da dívida;
2. Reescalonamento do prazo da dívida para um prazo longo;
3. Condicionamento das prestações à capacidade de pagamento do devedor.


O pagamento devido em cada ano não pode exceder a capacidade da economia. Em caso de dificuldades, foi prevista a possibilidade de suspensão e de renegociação dos pagamentos. O valor dos montantes afectos ao serviço da dívida não poderia ser superior a 5% do valor das exportações. As taxas de juro foram moderadas, variando entre 0 e 5 %.


A grande preocupação foi gerar excedentes para possibilitar os pagamentos sem reduzir o consumo. Como ponto de partida, foi considerado inaceitável reduzir o consumo para pagar a dívida.

O pagamento foi escalonado entre 1953 e 1983. Entre 1953 e 1958 foi concedida a situação de carência durante a qual só se pagaram juros.


Outra característica especial do acordo de Londres de 1953, que não encontramos nos acordos de hoje, é que no acordo de Londres eram impostas também condições aos credores - e não só aos países endividados. Os países credores, obrigavam-se,
na época, a garantir de forma duradoura, a capacidade negociadora e a fluidez económica da Alemanha.


Uma parte fundamental deste acordo foi que o pagamento da vida deveria ser feito somente com o superavit da balança comercial. 0 que, "trocando por mdos", significava que a RFA só era obrigada a pagar o serviço da dívida quando conseguisse um saldo de dívisas através de um excedente na exportação, pelo que o Governo alemão não precisava de utilizar as suas reservas cambiais.


EM CONTRAPARTIDA, os credores obrigavam-se também a permitir um superavit na balança comercial com a RFA - concedendo à Alemanha o direito de, segundo as suas necessidades, levantar barreiras unilaterais às importações que a prejudicassem.

Hoje, pelo contrário, os países do Sul são obrigados a pagar o serviço da dívida sem que seja levado em conta o défice crónico das suas balanças comerciais



Marcos Romão, jornalista e sociólogo. 27 de Fevereiro de 2013.