------------------------------------------------------------- ALVALADE-SADO!-------------------------------------------------------Blogue de informação geral sobre o mundo e o País que é Portugal

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

A ENTRADA DA FRELIMO EM MILANGE ZAMBÉZIA

 A entrada da Frelimo em Milange (Zambézia)
                                                
No dia 13 de Janeiro de 1974, fomos informados (C.Caç.3554 /B. Caç.3886), de que chegaria no dia seguinte uma Companhia de Checas para nos render (Mocumbura e Nura/Tete), e que o nosso novo destino seria Milange / Zambézia.
Confirmou-se a informação e no dia 15 de Janeiro pusemo-nos a caminho do Bem Bom. Assim, entramos na Rodésia, pernoitamos em Mont Darwin (onde ficamos atascados), mas, os civis com as sua máquinas agricolas lá nos desenrascaram, e no dia 16 chegamos á Changara (Tete) onde chegamos já noitinha.

MONGOÉ-MILANGE (ZAMBÉZIA) Julho de 1974

   

 No dia seguinte integramos (por pouco tempo ou poucos kms) uma coluna de Cargas Críticas, como nunca tínhamos visto ao longo 18/19 meses, comandada pela PM e com tropa que nunca mais acabava, com uma extensão de +/-5km,fomos colocados em último lugar. Ao fim de 2 horas começamos a entrar em parafuso e decidimos começar a ultrapassar a coluna, e ao  chegarmos à cabeça da coluna o Capitão da PM, ameaçou-nos de prisão! Ainda hoje deve estar á espera que lhe desse-mos os nomes para sermos presos, e admirado ficou quando se viu rodeado por uma Companhia de marados, dispostos a qualquer coisa para chegarem a Tete e puderem beberem umas Manicas á vontade. Dito e feito chegamos a Tete com duas horas de avanço, e de seguida fomos acampar em Moatize, porque ao dia íamos de comboio para Mutarara e daí de Nord-Atlas para Milange onde chegamos a 18 de Janeiro.
 Pela 1ª vez íamos ser instalados num quartel a sério, dentro de uma vila muito simpática, fronteiriça e produtora de chá (ingleses) e que até tinha posto da DGS/PIDE.
Tudo correu bem, sem tiros, sem chatices até aos primeiros dias de Junho, altura em que fui incumbido de levar os Pides para Mocuba (sede do Batalhão), onde se juntaram todos os elementos que trabalhavam na Zambézia (83) numa quinta, onde os guardei ou guardaram eles a mim e aos meus homens,durante 15 dias. Findo este  tempo 2 ou 3 elementos foram para a cadeia da Machava em LM, e os outros voltaram aos locais, onde aguardaram ordem ( que vieram dias depois,para embarcarem para a Metrópole)                                                        


Os 4 elementos da Frelimo(sinalizados com (X) em Milange
                                                                                                                                                                      
  Dias depois deles se terem ido embora começou o INFERNO em Milange e na Zambézia. A Frelimo sentiu-se segura e entrou, e no dia 15 de Julho uma coluna da minha Companhia sofreu uma emboscada na estrada alcatroada Milange/Mocuba de que resultaram 9 mortos.
Nesse mesmo dia a Companhia formou e negou-se a sair para colunas ou operações, e só saíam para regressarem à Metrópole (tínhamos 24 meses), eu encontrava-me no Mongoé (destacamento, á frente de um grupo de GE) e recebi ordens para abandonar e levar o grupo para Milange.
Seguidamente, fomos á procura da Frelimo para acabarmos no terreno a guerra, uma vez que os políticos estavam a entender-se em Lusaca, para a entrega de Moçambique.O
que foi conseguido, uma vez que trouxemos a Frelimo a Milange.


Por: Francisco Mota Dores

    CCAÇ 3554