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domingo, 24 de janeiro de 2016

Santiago do Cacém: ou Aljustrel? Qual o mais vantajoso para os Alvaladenses?

                  


Santiago do Cacem, dista 30 e tal quilómetros...Aljustrel ;vinte e um. Atendimento e distâncias Aljustrel é o favorito. Se acontecesse Alvalade passaria a ser a 2.ª freguesia do Concelho.

Um pouco de  História:


Foram sinuosos e descontínuos os caminhos que conduziram à actual cartografia dos concelhos. Hoje, sobre esse mapa tanto repousam singulares conceitos de identidade concelhia, como aspirações mais ou menos silenciosas de autonomia por parte das freguesias, tanto ciosas do seu passado como “conscientes” da sua pujança presente, o que esteve e está presente no Alentejo Litoral, designadamente em Santiago do Cacém.

Antes dos forais novos com que D. Manuel brindou no primeiro terço do século XVI Alvalade, Sines e Santiago; já depois de Vila Nova de Milfontes ser sede de município e abarcar o Cercal do Alentejo, era imenso o primitivo termo de Santiago do Cacém, encostado às terras de Alcácer, a norte e à vastidão de Odemira, a sul.


Concelho vastíssimo, de franca fachada litoral, que ia da ponta de Tróia às imediações de Sines cortava ao Vale de Santiago, entrando pelas várzeas férteis do vale do Sado, atravessando montados agrestes e imensos. Ficavam de fora apenas os domínios de Odemira e o pequeno concelho de Sines, cujos homens bons, cedo pressionaram D. Pedro, rei, a reconhecer-lhes estatuto concelhio.

A Grândola só cerca de 30 anos depois, chegaria a alforria municipal, depois de ser vasta charneca onde o poderoso D. Jorge de Lencastre pelos idos de Quatrocentos se deleitava em pródigas montarias ao javali, que se inscreveriam aliás no futuro brasão de armas do concelho.

Um longuíssimo Antigo Regime perpetuou este quadro de fragmentação da original divisão concelhia do reino, dando, ainda assim lugar a grandes concelhos, que resistiam à fragmentação, coexistindo e confinando com municípios de áreas mais modestas – Alvalade, Messejana,  Panoias, Vila Nova de Milfontes ou Sines.

Todo este quadro se alteraria com a última grande reforma municipal do liberalismo, já entrado século XIX dentro. De uma só revoada legislativa suprimiu-se grande número de pequenos concelhos e alguns dos que a isso foram poupados, seguiriam poucos anos depois o mesmo destino.

Foi assim, afinal, com todos aqueles mencionados. Na segunda metade de Oitocentos perfilaram-se nesta zona importantes tendências e tensões protagonizadas pelas elites locais afectas principalmente ao Partido Regenerador, um dos pólos do primeiro rotativismo partidário. Fincou-se, no caso de Santiago do Cacém, a ideia de um grande concelho no Alentejo ocidental, que absorveria Sines e Alvalade, o Cercal e até Grândola, como que restaurando o essencial do velhíssimo termo desenhado com a Reconquista muitos séculos antes.

E se é verdade que nem toda essa ideia procedeu, boa parte dela fez caminho, por generosidade governamental ou por induzida pressão dos eleitores, num tempo de descarado caciquismo e patrocinato político, em que a condição de eleger e ser eleito dependia dos rendimentos e da fortuna. Foi por via de expedientes e de manobras aí assentes, que Sines e Melides se conservaram em Santiago por mais uns anos e que a maioria dos eleitores, em orquestrada representação ao governo, exigiu que as suas freguesias, as de Alvalade e do Cercal do Alentejo, por exemplo, passassem a pertencer a Santiago.

No essencial, o desenho do concelho de Santiago do Cacém, tal como o conhecemos hoje, tem origem mais recente no último quartel do século XIX. É verdade que daí saiu, já em 1914, o restaurado concelho de Sines, fruto igualmente de longa e porfiada pressão das suas elites, monárquicas, primeiro, republicanas, depois.

A questão de saber da identidade, da coesão cultural, seja o que isso for, das velhas ou de putativamente novas entidades municipais, é assunto seguramente mais complexo, mas uma coisa parece certa, é que deste reordenamento concelhio operado no século XIX resultou, ou prevaleceu, uma identidade institucional forte, na qual as populações no essencial se parecem rever.

A questão tem uma premência acrescida num tempo em que se reclama, agora de fora, por determinação imposta desta colonização tripartida FMI/BCE/EU que nos governa, um novo reordenamento do mapa administrativo, com incidência nas freguesias e nos concelhos.

A História deveria ter aqui um conselho avisado a dar, quanto mais não fosse, para que esse redesenhar administrativo tivesse em conta as necessidades e as expectativas das comunidades segundo lógicas de proximidade, principalmente numa altura em que às pequenas localidades tiraram praticamente tudo, escola, posto médico, correios, transportes públicos regulares.

Mas também para que se não fizesse de costas viradas para as populações, para as suas opiniões e sobretudo para os seus interesses enquanto comunidade de gente radicada. E já agora que não fosse também permeável a esse traço quase endémico de tão enraizado, em que freguesias e concelhos não foram mais do que objectos para reforço de interesses e de poderes das elites, baseadas num sistema de cacicato que sobreviveu à queda da Monarquia, se reforçou de modo contido, é certo, durante o Estado Novo e que se manifesta hoje por novas formas e com novos e, por vezes, paradoxais protagonistas, em lóbis tão subterrâneos como politicamente transversais.


Um artigo pertinente

No caso de Alvalade, que estamos inseridos num concelho que, dista ida e volta quase 80 quilômetros, onde outros interesses se sobrepõem, não seria mais vantajoso para esta população (Alvalade)vir a pertencer ao concelho de Aljustrel. A proximidade o acesso e o facilitismo, direi mesmo tratamento vip em todos os serviços públicos de que as populações necessitam.  


Reconheço que os serviços oficiais de atendimento publico melhoraram muito nos últimos anos , em Santiago, mas existe, ainda hoje nos Alvaladenses,  uma (diria ) certa antipatia por Santiago do Cacem. Era usual aqui a alguns bons anos, usar-se a expressão maliciosa de referencia a Santiago.....Santiago de  Cães Cem. 

José do Rosário

     


sábado, 23 de janeiro de 2016

A Angola de hoje (O embuste da história recente de Angola)




Deve haver alguém, em Portugal, muito orgulhoso desta situação

VALE O QUE VALE.....Mas não é novidade nenhuma! Só que os ecos que cá chegam, são filtrados, auto-censurados pela imprensa que já está ao serviço do estado Angolano desde há muito.
E por outro lado, a governança portuguesa tem medo que os angolanos lhe ponha cá, de uma assentada,
largas dezenas  de milhares de trabalhadores que vêm para o desemprego!!!


               Este texto veio de Angola...!
 
Somos o povo especial escolhido do Sr. engenheiro.
E como povo especial escolhido por ele, não temos água nem luz na cidade. Temos asfalto cada dia mais esburacado .
Os que, de entre nós,vivem na periferia, não têm nada. Nem asfalto. Só miséria, lixo, mosquitos, águas paradas. Hospitais?!!! Nem pensar.O povo especial não precisa. Não adoece. Morre apenas sem saber porquê. E quando se inaugura um hospital bonito e ficamos com a esperança de que as coisas vão mudar minimamente, descobre-se que as máquinas são chinesas, com manuais chineses sem tradução e que ninguém sabe operá-las...
Estas são opções especiais para um povo especial.
Educação?!! O povo especial não precisa. Cospe-se na rua ( e agora com os chineses, temos que ter cuidado para não caminharmos sobre escombros escarrados de fresco...), vandalizam-se costumes, ignoram-se tradições .
Escolas para quê e para ensinar o quê?!! Que o sr.engenheiro é um herói porque fugiu ali algures da marginal acompanhado de outros tantos
magníficos?!!!
Que a Deolinda Rodrigues morreu num dia fictício que ninguém sabe qual, mas nada os impediu de transformar um dia qualquer em feriado nacional?!!!!
O embuste da história recente de Angola é tão completo e manipulado que até mesmo eles parecem acreditar nas mentiras que inventaram...
Se incomodarmos o sr.engenheiro de qualquer forma, sai a guarda pretoriana dele e nós ficamos quietos a vê-los barrar ruas anarquicamente sem nos deixar alternativas para chegarmos a casa ou aos empregos.
O povo especial nem precisa ir trabalhar se resolvem fechar as ruas.
Se sair-mos para almoçar e eles bloqueiam as ruas sem qualquer explicação, só temos uma hipótese: como povo especial não precisa de comer, dá-se meia volta de barriga vazia e volta-se para o emprego.
E isto quando não ficamos horas parados à espera que o sr.engenheiro e sua comitiva recolham aos seus lares e nos deixem, finalmente circular.
Entramos em casa às escuras e saímos às escuras. Tomamos banho de caneca.
Sim, bem à moda do velho e antigo regime do MPLA-PT do século passado .
Luanda, que ainda resiste a tantos maus-tratos e insiste em conservar os vestígios da sua antiga beleza, agora é violentada pelos chineses .
Sodomizada. Sistematicamente. Dia e noite. Está exaurida; de rastos, de cócoras diante dos novos "amigos" do sr.engenheiro. Eles dão-se, inclusive, ao luxo de erguerem dois a três restaurantes chineses numa mesma rua .
A ilha do Cabo tem mais restaurantes chineses que qualquer outra rua de qualquer outra cidade ocidental ou africana: CINCO!!!! A China Town instalada em Luanda.
As inscrições que colocam nos tapumes das obras em construção, admirem-se, estão escritas na língua deles. Eles são os novos senhores. Os amigos do sr.engenheiro. A par do Sr.Falcone... a este foi-lhe oferecido um cargo e passaporte diplomático.
Aos outros, que andam aos bandos, é-lhes oferecido a carne fresca das nossas meninas. Impunemente. Alegremente. Com o olhar benevolente dos canalhas de fato e gravata.
Lá fora, no mundo civilizado sem povos especiais, caçam os pedófilos. Aqui, criam e estimulam pedófilos. Acham graça.
Qualidade de vida é coisa que o povo especial nem sabe o que é. Nem quantidade de vida, uma vez que morremos cedo, assim que fazemos 40 anos.
Se vivermos mais um pouco, ficamos a dever anos à cova, pois não nos é permitida essa rebeldia.
E quem dura mais tempo, é castigado : ou tem parentes que cuidem ou vai para a rua pedir esmola!
Importam-se carros. E mais carros. De luxo. Esta é a imagem de marca deles: carros de luxo em estradas descartáveis, esburacadas. Ah... e telemóveis!!!! Qualquer Prado ou Hummer tem que levar ao volante um elemento com telemóvel.
Lá fora, no mundo civilizado sem povos especiais, é proibido o uso do telemóvel enquanto se conduz.
Aqui é sinal de status, de vaidade balofa!!!!!!!!!!
Pobre povo especial. Sem transportes, sem escolas, sem hospitais. À mercê dos candongueiros, dos "dirigentes" e dos remédios que não existem. Sem perspectivas de futuro.
Os nossos "amanhãs" já amanhecem a gemer: de fome, de miséria, de subnutrição, de ignorância, de analfabetismo , de corrupção, de incompetência, de doenças antes erradicadas, de ira contida, de revolta recalcada.
O grito está latente. Deixem-no sair : BASTA!!!!!!

 
Solange

Residente em Angola

"Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: nem ele me persegue, nem eu fujo dele, um dia a gente se encontra" 

ASSIM O QUE VAI ACONTECER A PORTUGAL E À EUROPA

Sabe quem quer afundar Portugal e a Europa, como um jogo de batalha naval?

Sabia que a Goldman and Sachs, o Citygroup, o Wells Fargo, etc.
apostaram biliões de dólares na destruição do euro? Se o EURO cair ou desvalorizar eles ganham milhões?  Sabia que obtiveram avultadíssimos lucros durante a crise financeira de 2008 e houve suspeitas de que foram eles que manipularam o mercado? Sabia que o Senado norte americano levantou um inquérito que resultou na condenação destes gestores que apostaram em tombar a Europa?
Sabia que Ficou demonstrado que o Goldman and Sachs aconselhou os seus clientes a efectuarem investimentos no mercado de derivados num determinado sentido? Mas a Goldman realizou apostas em sentido contrário no mesmo mercado? Sabia que deste modo, obtiveram lucros de 17 biliões de dólares(com prejuízo para os seus clientes)? Sabia que estes manipuladores se estão a transformar nos homens mais ricos e influentes do planeta e se divertem a ver os países tombar um por um?
Sabia que todos os dias são lançadas milhões de pessoas no desemprego e na pobreza em todo o planeta em resultado desta actividade predatória? Sabia que tudo acontece com a cumplicidade de alguns governantes e das autoridades reguladoras?
Sabia que desde a crise financeira de 1929 que o Goldman and Sachs tem estado ligado a todos os escândalos financeiros que envolvem especulação e manipulação de mercado, com os quais tem sempre obtido lucros monstruosos? Sabia ainda que este banco tem armazenado milhares de toneladas de zinco, alumínio, petróleo, cereais, etc., com o objectivo de provocar a subida dos preços e assim obter lucros astronómicosmanipulando o mercado? Sabia que desta maneira, manipula o crescimento da economia mundial, e condena milhões de pessoas à fome?
Sabia que a Goldman, com a cumplicidade das agências de rating, pode declarar que um governo está insolvente, como consequência as yields o (termo yield é o rendimento (tipicamente, anual) de um activo em dividendos ou juros,) sobem e obriga-os, assim, a pedir mais empréstimos com juros agiotas impossíveis de sustentar?  (como fez com Portugal) - Em simultâneo impõe duras medidas de austeridade que empobrecem esse pais ?  De seguida, em nome do aumento da competitividade e da modernização, obriga-os a vender os sectores económicos estratégicos (energia, águas, saúde, banca, seguros, etc.) às corporações internacionais por preços abaixo do que valem e que para isso infiltra os seus quadros nas grandes instituições políticas e financeiras internacionais, de forma a manipular a evolução política e económica em seu favor e em prejuízo das populações.
(cargos de CEO do Banco Mundial, do FMI, da FED, etc. fazem parte quadros oriundos do Goldman and Sachs. E na UE estão: Mário Draghi (BCE), Mário Monti e Lucas Papademos (ex-primeiros-ministros de Itália e da Grécia, respectivamente), entre outros.) Sabia que alguns eurodeputados ficaram estupefactos quando descobriram que alguns consultores da Comissão Europeia, bem como da própria Angela Merkel, tem fortes ligações ao Goldman and Sachs?
Sabia que este poderoso império do mal, está a destruir não só a economia e o modelo social, como também as impotentes democracias europeias?
Texto recebido por Email

​​Texto Domingos Ferreira, Professor/Investigador Universidade do Texas, EUA, Universidade Nova de Lisboa




quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Não haverá muitos interesses em manter o Estado Islâmico?

 O  famigerado Estado Islâmico existe porque há interesses para que ele exista.

Esses interesses aparecem  muitas vezes camuflados...   (em temos... que ajudar os migrantes que fogem para a Europa)

A mim pergunto muitas vezes o porquê das pessoas que fogem da guerra,da opressão e da morte, não se dirigirem para os países ricos da sua área e religião. Como a Arabia Saudita o Kuawit  e outros!

No cenário das intervenções  de guerra os terroristas Islamitas usam armas!

Quem fabricou essas armas? quem vendeu essas armas? Quem e como foram pagas essas armas. Onde foi depositado o dinheiro para pagar essas armas.

A candidata do Bloco de Esquerda ás presidenciais e deputada europeia ..disse há pouco que no Parlamento Europeu  quando se discute a questão da situação no Médio Oriente e se tenta abordar e votar os apoios ( interesses) a esta calamidade,  dos setecentos e tal deputados do Parlamento só cerca de 250 votam a favor dessa abordagem!..

                                                                                                                                                                 O Estado Islâmico funciona como uma corporação muito bem administrada, que detém o monopólio do petróleo em uma área com mais de 12 campos de exploração, só faz negócios em dinheiro e vive de extorquir seus "clientes". Ao contrário da Al Qaeda em seu apogeu, que dependia pesadamente de doações de milionários estrangeiros, o EI é auto-suficiente e tem um "portfólio" de atividades muito variado. O principal negócio da facção é o petróleo. O EI detém 60% da produção de petróleo da Síria e controla cerca de 12 campos de exploração em território sírio e iraquiano. Segundo estimativas de traders, analistas e do Departamento do Tesouro dos EUA, o petróleo rende cerca de US$ 2 milhões por dia para a facção terrorista. Mas quem compra o petróleo "roubado" pelo Estado Islâmico? Todo mundo, até o governo do ditador Bashar al-Assad, inimigo dos islamistas. A população civil na Síria, os curdos que controlam o norte do país, o governo Assad, a oposição, todos dependem do petróleo vendido pelo EI. E muita gente transformou isso num grande negócio: compram do EI com deságio e contrabandeiam o combustível barato para a Turquia. Em algumas cidades turcas na fronteira com a Síria, moradores usam tubulações de plástico enterradas no solo, originalmente utilizadas para irrigação, para contrabandear o petróleo sírio. Caminhões tanque vêm de toda a Turquia para comprar combustível barato. A polícia turca fazia vista grossa, mas nos últimos meses, pressionada pelos EUA, começou a fechar o cerco. As restrições apenas tornaram os contrabandistas mais criativos. Eles agora atravessam a fronteira a pé, montados em mulas ou cavalos, levando galões de petróleo sírio. Em um dos maiores campos sírios sob controle do EI, o de Al-Omar (que foi bombardeado por caças franceses poucos dias antes dos ataques em Paris), há uma fila de mais de 5 quilômetros de caminhões tanque, segundo reportagem do "Financial Times". Esses caminhões compram o petróleo e vendem para contrabandistas ou direto para refinarias. Thaier Al-Sudani - 16.out.2015/Reuters Refinaria de Baiji, ao norte de Bagdá, que o Exército iraquiano recuperou em outubro Refinaria de Baiji, ao norte de Bagdá, que o Exército iraquiano recuperou em outubro Muitas das instalações de refino foram bombardeadas pela coalizão. Então o EI começou a comprar refinarias portáteis da China. Mas os EUA descobriram e começaram a bombardeá-las também. Hoje, restam poucas instalações, e muitos sírios "empreendedores" montaram refinarias de fundo de quintal, em que queimam o combustível e usam buracos no chão. O diesel resultante é de péssima qualidade, por isso grande parte dos carros na Síria está quebrada. Mas o preço é um terço do petróleo e do diesel "oficiais". "A única coisa que existe nessa região é o petróleo, e as pessoas precisam disso para viver", explica o especialista em Síria Joshua Landis, chefe do Centro de Estudos de Oriente Médio da Universidade de Oklahoma e editor do blog SyrianComment. Na segunda (16), os EUA anunciaram que bombardearam uma fila de caminhões tanque em Deir Ezzor, na Síria. Caças americanos jogaram folhetos avisando os caminhoneiros de que haveria bombardeio e que eles deveriam deixar os veículos. Depois disso, jogaram 24 bombas de 225 quilos, destruindo cem veículos que carregavam petróleo do EI. Os americanos relutam em bombardear caminhões, porque os motoristas são civis e pode haver muitos danos colaterais. Além disso, não podem simplesmente bombardear todas as instalações de exploração e refino de petróleo controladas pelo EI. "Precisamos levar em conta que haverá um período pós-guerra, a guerra vai acabar, e nós não queremos destruir completamente essas instalações, senão não será possível consertá-las", disse em briefing o coronel Steve Warren, porta-voz da operação americana de combate ao EI. "O maior desafio é cortar as fontes de financiamento do EI sem prejudicar a enorme população civil que vive sob controle da facção", diz Yezid Sayigh, pesquisador sênior do Carnegie Middle East Center, em Beirute. Há cerca de 10 milhões de pessoas vivendo em áreas controladas pelo EI. "A maior parte do petróleo produzido nos campos controlados pelo EI na Síria é vendido para outras partes do país, inclusive dominadas pela oposição. Então, interromper o fornecimento afeta serviços essenciais, como hospitais, padarias e transportes, que precisam de diesel para funcionar." Restringir a compra do petróleo contrabandeado para o exterior também é muito difícil. Vários países impõem sanções contra indivíduos que compram petróleo do EI, mas a Força Tarefa de Ação Financeira (FATF, na sigla em inglês), órgão internacional que combate financiamento ao terrorismo, admite que não é possível determinar de onde veio o petróleo que é apreendido. Para completar, o EI só vende a dinheiro, o que dificulta o rastreamento. "Mesmo assim, um fechamento completo da fronteira da Turquia com a Síria é essencial para bloquear o mercado para petróleo e antiguidades contrabandeadas, já que interromper esse comércio não afeta a população local, mas prejudica o EI", diz Sayigh. Os turcos vinham relutando em apertar a vigilância na fronteira, porque temem retaliações do EI em seu território e consideram Assad seu maior inimigo. Mas o secretário de Estado John Kerry anunciou na terça (17) que os americanos passarão a trabalhar com os turcos para garantir a segurança da fronteira. Os bombardeios da coalizão vêm diminuindo a capacidade de exploração e refino do EI. A queda do preço do petróleo, que está abaixo de US$ 40 o barril, é outro golpe à maior fonte de receita da facção. O EI tem muitos gastos, porque mantém um Estado: tem que pagar salários de servidores públicos, subsidia pão para a população e precisa usar cada vez mais combustível em suas operações militares. Mas o EI tem a vantagem de ter diversificado seus negócios. A facção lucra cerca de US$ 12 milhões por mês com "impostos" (eufemismo para extorsão) cobrados nas cidades que domina, segundo estudo de Charles Lister, da Brookings Institution. Os caminhões que trafegam no oeste do Iraque, trazendo alimentos da Síria e da Jordânia, precisam pagar uma "taxa alfandegária" que era de US$ 300 por veículo em setembro de 2014. Em Raqqah, a facção cobra US$ 20 a cada dois meses de comerciantes, em troca de eletricidade, água e segurança. Há também o imposto de renda de pessoa jurídica, retido na fonte: farmácias em Mossul, capital do EI no Iraque, pagam uma taxa de 10% a 35% do valor dos remédios que vendem. Na mesma cidade, estudantes de ensino fundamental pagam ao EI US$ 22 por mês, e universitários, US$ 65. Os agricultores precisam entregar parte da colheita de trigo e cevada ao EI a título de "zakat" (imposto religioso, espécie de dízimo). Além disso, muitas vezes os extremistas confiscam máquinas agrícolas e então as alugam para os mesmos agricultores de quem as confiscaram. Os cristãos vivendo em cidades dominadas pelo EI pagam a taxa chamada "jyzia" para evitarem ser mortos por não serem muçulmanos. O governo americano acredita que o EI levantou pelo menos o equivalente a US$ 500 milhões ao se apoderar de agências de bancos estatais no oeste do Iraque no ano passado. Nas agências de bancos privados na região, o EI instalou gerentes e passou a cobrar 5% de todas as retiradas. Editoria de Arte/Folhapress SEQUESTROS Outra fonte de receita da facção terrorista são os sequestros, que renderam mais de US$ 40 milhões ao EI no ano passado, segundo a FATF (Força Tarefa de Ação Financeira). Os Estados Unidos e o Reino Unido se recusam a pagar resgates. Mas a França, por exemplo, teria pago US$ 18 milhões em abril do ano passado pelo resgate de quatro reféns franceses. A facção também sequestra iraquianos e sírios de classe média. A Al Qaeda na Península Arábica faturou cerca de US$ 20 milhões com resgates entre 2013 e 2014, bem menos que o EI. CROWDFUNDING A facção terrorista também usa as redes sociais para levantar recursos. Membros do EI usam o Twitter para pedir doações por meio da compra de cartões pré-pagos de telefone, cujo número é enviado por Skype. Os extremistas também usam programas de fidelidade –segundo a FATF, um clérigo ligado ao grupo usou o Twitter prometendo que, para cada doação de 50 dinares iraquianos, equivalentes a 50 balas de rifle de atirador, o doador receberia o "silver status", e 100 dinares, que compram 8 balas de morteiro, equivalem ao "gold status". ANTIGUIDADES Militantes do EI também saqueiam antiguidades de museus ou monumentos em cidades que controlam e as vendem no mercado negro. Segundo a Unesco, o EI ocupa mais de 4500 locais de escavação arqueológica. É muito difícil ter estimativas seguras, mas cálculos do governo americano, da Fatfa e de analistas indicam que o EI faturou pelo menos US$ 1,2 bilhão no ano passado, a grade maioria proveniente da venda de petróleo. Como comparação, o Taleban chegou a arrecadar US$ 200 milhões por ano no Afeganistão com tráfico de drogas e contrabando de madeira e minerais, no apogeu da facção. Contra a Al Qaeda, sanções financeiras eram mais eficientes, porque os doadores muitas vezes usavam o sistema financeiro internacional. No EI, só dinheiro vivo circula, normalmente por meio de portadores, e a maioria das transações se dá dentro da Síria e do Iraque. "As fontes de receita do EI são profundas e diversificadas. Com exceção de organizações terroristas bancadas por Estados, o EI é provavelmente a facção terrorista com maior poder financeiro que nós já enfrentamos", disse em discurso no fim do ano passado David S. Cohen, subsecretário do Tesouro americano para Inteligência Financeira e Terrorismo. FINANCIAMENTO DO ESTADO ISLÂMICO Contrabando de petróleo O EI assumiu o controle de vários poços na Síria e no Iraque e vende o combustível a baixíssimos preços dentro dos dois países e para a Turquia 'Impostos' Nas cidades dominadas pela facção, como Mossul e Raqqa, a população precisa pagar taxas para ter eletricidade e outros serviços públicos 'Jizya' Cristãos vivendo em cidades dominadas pelo EI pagam a taxa chamada "Jizya", para que não sejam mortos por não serem muçulmanos Resgate EI sequestra estrangeiros, cidadãos sírios e iraquianos de classe média e pede resgate 'Dízimo' Muitos dos funcionários públicos em áreas dominadas pelo EI ainda recebem do governo e são obrigados a pagar um "dízimo" ao EI Contrabando de obras de arte Vários museus foram saqueados pelo EI, que vende as obras no mercado negro Doações Seguidores da forma mais radical do islamismo, o wahabismo, de países como Arábia Saudita e Kuait fazem doações à facção O auto-proclamado Estado Islâmico produz tanto como o Qatar, o Equador e a Líbia juntos. O petróleo vendido no mercado negro a preços mais baixos é comprado por países respeitados. Parar este vergonhoso negócio equivaleria a atacar a raiz do problema. O Presidente russo Vladimir Putin ergueu o dedo contra esta hipocrisia e acusou, na última reunião do G 20, em Antalya, na Turquia. “O financiamento, como sabemos, provém de 40 países, entre os quais alguns são membros do G-20.” A alusão à Arábia Saudita e à Turquia, que viu passar, pelo seu território, milhares de combatentes estrangeiros a caminho da guerra santa na Síria, não pode ser mais directa. “As colunas dos camiões cisterna estendem-se por dezenas de quilómetros”, disse, exibindo imagens. Deixar de comprar este petróleo seria o mesmo que fechar a torneira do financiamento ao estado Islâmico e era  ir à raiz do problema. Porque não se faz isso? 


Camiões carregados de petróleo a entrar na Turquia

E a queda da População activa será um desastre e nunca conseguiremos pagar a Divida

A queda da população activa em Portugal é um motivo de preocupação, alerta o Nobel da Economia, que esteve em Lisboa para participar na homenagem a Silva Lopes. Paul Krugman aproveitou o facto de estar em Portugal, para participar na cerimónia de homenagem a Silva Lopes na segunda-feira, para voltar a analisar a economia portuguesa. No seu blogue no The New York Times, o Nobel da Economia diz que tem feito "algum trabalho de casa sobre os tempos terríveis que Portugal sofreu recentemente", tendo destacado o indicador que mais lhe prendeu a atenção: a queda da população activa em Portugal. Mostrando um gráfico que dá conta que Portugal tem hoje menos de 6,8 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos, contra mais de 7 milhões em 2011, Krugman coloca a questão: se em tempos de dificuldades um país sofre uma perda em larga escala no número de trabalhadores, quem vai pagar a dívida e tratar dos reformados? Sem responder directamente a esta questão, Krugman exemplifica como se pode entrar numa "espiral de morte demográfica": se um país que regista um elevado endividamento vir a sua força de trabalho cair devido à emigração, terá de aumentar os impostos aos que permanecem no país para conseguir cumprir o serviço da dívida. O que poderá levar mais pessoas a sair do país e originar o ciclo vicioso de mais emigração e mais impostos. Será este um cenário realista? Krugman diz primeiro que depende do nível da dívida pública e da rigidez da despesa pública e também da elasticidade da população activa face à carga fiscal. E também da vontade da população em sair do país, da sua cultura e da língua. "Portugal, com uma longa tradição de emigração, pode ser mais vulnerável do que outros países, mas não faço ideia se já está realmente nessa zona [de espiral demográfica]", confessa Krugman no seu artigo publicado este sábado. Krugman, um dos maiores críticos da criação da Zona Euro e da política de austeridade implementada na Europa nos últimos anos, sobretudo em países como Portugal, já tinha recentemente advertido para a evolução da economia portuguesa. Num artigo publicado em Agosto, usou Portugal para exemplificar os efeitos negativos do euro, assinalando a "espiral de morte económica" que tem incentivado um elevado número de trabalhadores portugueses a emigrar. No artigo deste sábado, Krugman salienta que as uniões monetárias deveriam servir para mitigar estes problemas de fortes fluxos de emigração em países que enfrentam dificuldades. Contudo, com uma taxa de câmbio flexível, choques adversos causariam desvalorização na moeda e em consequência nos salários. Sem esta ferramenta de desvalorização cambial, os choques adversos provocam desemprego por um longo período, até que o processo de desvalorização interna restaure a competitividade da economia. Neste âmbito, Krugman sugere que os níveis de emigração em Portugal são mais elevados devido à integração na Zona Euro, pois "a emigração é muito mais sensível ao desemprego do que aos salários". E apesar de reconhecer que a emigração num país com elevada taxa de desemprego não tem efeitos imediatos na receita fiscal (grande parte das pessoas que emigra não tem trabalho e por isso não paga impostos), Krugman destaca os efeitos de longo prazo que pode ter um elevado nível de emigração. Apesar do tom negativo sobre a economia portuguesa, Krugman termina o post no blogue afirmando que Lisboa é uma cidade "adorável" e que "justificadamente" atrai muitos turistas. Krugman participa  num evento que decorre no Banco de Portugal para homenagear Silva Lopes. O Nobel da Economia de em 2008 conheceu o então governador do Banco de Portugal quando em 1976 passou o Verão a trabalhar no Banco de Portugal com um grupo de estudantes do MIT, ainda antes da primeira intervenção do FMI no país.