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domingo, 24 de janeiro de 2016

Santiago do Cacém: ou Aljustrel? Qual o mais vantajoso para os Alvaladenses?

                  


Santiago do Cacem, dista 30 e tal quilómetros...Aljustrel ;vinte e um. Atendimento e distâncias Aljustrel é o favorito. Se acontecesse Alvalade passaria a ser a 2.ª freguesia do Concelho.

Um pouco de  História:


Foram sinuosos e descontínuos os caminhos que conduziram à actual cartografia dos concelhos. Hoje, sobre esse mapa tanto repousam singulares conceitos de identidade concelhia, como aspirações mais ou menos silenciosas de autonomia por parte das freguesias, tanto ciosas do seu passado como “conscientes” da sua pujança presente, o que esteve e está presente no Alentejo Litoral, designadamente em Santiago do Cacém.

Antes dos forais novos com que D. Manuel brindou no primeiro terço do século XVI Alvalade, Sines e Santiago; já depois de Vila Nova de Milfontes ser sede de município e abarcar o Cercal do Alentejo, era imenso o primitivo termo de Santiago do Cacém, encostado às terras de Alcácer, a norte e à vastidão de Odemira, a sul.


Concelho vastíssimo, de franca fachada litoral, que ia da ponta de Tróia às imediações de Sines cortava ao Vale de Santiago, entrando pelas várzeas férteis do vale do Sado, atravessando montados agrestes e imensos. Ficavam de fora apenas os domínios de Odemira e o pequeno concelho de Sines, cujos homens bons, cedo pressionaram D. Pedro, rei, a reconhecer-lhes estatuto concelhio.

A Grândola só cerca de 30 anos depois, chegaria a alforria municipal, depois de ser vasta charneca onde o poderoso D. Jorge de Lencastre pelos idos de Quatrocentos se deleitava em pródigas montarias ao javali, que se inscreveriam aliás no futuro brasão de armas do concelho.

Um longuíssimo Antigo Regime perpetuou este quadro de fragmentação da original divisão concelhia do reino, dando, ainda assim lugar a grandes concelhos, que resistiam à fragmentação, coexistindo e confinando com municípios de áreas mais modestas – Alvalade, Messejana,  Panoias, Vila Nova de Milfontes ou Sines.

Todo este quadro se alteraria com a última grande reforma municipal do liberalismo, já entrado século XIX dentro. De uma só revoada legislativa suprimiu-se grande número de pequenos concelhos e alguns dos que a isso foram poupados, seguiriam poucos anos depois o mesmo destino.

Foi assim, afinal, com todos aqueles mencionados. Na segunda metade de Oitocentos perfilaram-se nesta zona importantes tendências e tensões protagonizadas pelas elites locais afectas principalmente ao Partido Regenerador, um dos pólos do primeiro rotativismo partidário. Fincou-se, no caso de Santiago do Cacém, a ideia de um grande concelho no Alentejo ocidental, que absorveria Sines e Alvalade, o Cercal e até Grândola, como que restaurando o essencial do velhíssimo termo desenhado com a Reconquista muitos séculos antes.

E se é verdade que nem toda essa ideia procedeu, boa parte dela fez caminho, por generosidade governamental ou por induzida pressão dos eleitores, num tempo de descarado caciquismo e patrocinato político, em que a condição de eleger e ser eleito dependia dos rendimentos e da fortuna. Foi por via de expedientes e de manobras aí assentes, que Sines e Melides se conservaram em Santiago por mais uns anos e que a maioria dos eleitores, em orquestrada representação ao governo, exigiu que as suas freguesias, as de Alvalade e do Cercal do Alentejo, por exemplo, passassem a pertencer a Santiago.

No essencial, o desenho do concelho de Santiago do Cacém, tal como o conhecemos hoje, tem origem mais recente no último quartel do século XIX. É verdade que daí saiu, já em 1914, o restaurado concelho de Sines, fruto igualmente de longa e porfiada pressão das suas elites, monárquicas, primeiro, republicanas, depois.

A questão de saber da identidade, da coesão cultural, seja o que isso for, das velhas ou de putativamente novas entidades municipais, é assunto seguramente mais complexo, mas uma coisa parece certa, é que deste reordenamento concelhio operado no século XIX resultou, ou prevaleceu, uma identidade institucional forte, na qual as populações no essencial se parecem rever.

A questão tem uma premência acrescida num tempo em que se reclama, agora de fora, por determinação imposta desta colonização tripartida FMI/BCE/EU que nos governa, um novo reordenamento do mapa administrativo, com incidência nas freguesias e nos concelhos.

A História deveria ter aqui um conselho avisado a dar, quanto mais não fosse, para que esse redesenhar administrativo tivesse em conta as necessidades e as expectativas das comunidades segundo lógicas de proximidade, principalmente numa altura em que às pequenas localidades tiraram praticamente tudo, escola, posto médico, correios, transportes públicos regulares.

Mas também para que se não fizesse de costas viradas para as populações, para as suas opiniões e sobretudo para os seus interesses enquanto comunidade de gente radicada. E já agora que não fosse também permeável a esse traço quase endémico de tão enraizado, em que freguesias e concelhos não foram mais do que objectos para reforço de interesses e de poderes das elites, baseadas num sistema de cacicato que sobreviveu à queda da Monarquia, se reforçou de modo contido, é certo, durante o Estado Novo e que se manifesta hoje por novas formas e com novos e, por vezes, paradoxais protagonistas, em lóbis tão subterrâneos como politicamente transversais.


Um artigo pertinente

No caso de Alvalade, que estamos inseridos num concelho que, dista ida e volta quase 80 quilômetros, onde outros interesses se sobrepõem, não seria mais vantajoso para esta população (Alvalade)vir a pertencer ao concelho de Aljustrel. A proximidade o acesso e o facilitismo, direi mesmo tratamento vip em todos os serviços públicos de que as populações necessitam.  


Reconheço que os serviços oficiais de atendimento publico melhoraram muito nos últimos anos , em Santiago, mas existe, ainda hoje nos Alvaladenses,  uma (diria ) certa antipatia por Santiago do Cacem. Era usual aqui a alguns bons anos, usar-se a expressão maliciosa de referencia a Santiago.....Santiago de  Cães Cem. 

José do Rosário