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sábado, 29 de março de 2014

País giríssimo, sei lá.




Assunção Esteves é uma personagem no sentido plano e caricatural do termo. Nos romances, as Assunções surgem nos capítulos secundários para dar um colorido sociológico ou histórico ao cenário onde a personagem principal actua. Ora, a nossa Assunção Esteves representa o colorido cómico de um certo Portugal, o Portugal da comédia snob, do nariz empinado por questões de nascimento. Sim, é o Portugal que brinca aos pobrezinhos, mas também é o Portugal que quer brincar aos riquinhos. Assunção Esteves encaixa na segunda espécie. Julgo que aqueles que brincam aos pobrezinhos tem uma palavra gira para descrever esta segunda categoria: possidónios. Palavra giríssima, sei lá.

A segunda figura do estado recusa admitir que o seu pai era alfaiate. Aquilo que devia ser motivo de orgulho é motivo de vergonha. Como é evidentíssimo, a filha de um pobrezinho não pode chegar ao topo, é contranatura. Apesar da origem humilde, Assunção Esteves aceitou o ethos pseudo-aristocrático da "Lesboa" que se repete em todas as povoações portuguesas com mais de, vá, 10 habitantes. E a mutação não se ficou por aqui. Segundo uma peça da Sábado, a Presidenta tem aquela obsessão típica pelo luxo. Ele é roupa de alta costura, ele é carteiras que custam 10% da sua reforma (valor da pensão: 7200 euros por 10 anos de trabalho), ele é um corrupio de assessores que trata como escravos coloniais, ele é gastos sumptuários: assim que chegou à Presidência da Assembleia, Assunção Esteves mudou a casa de banho do seu gabinete para não usar a mesma retrete do antecessor. Que magno problema viu Assunção Esteves no bumbum de Jaime Gama?

Os regimes mudam, mas este Portugal não morre. A comédia social parece que tem o dom da imortalidade. Tal como em 1950, ainda temos fidalgos a viver em bolhas sem qualquer contacto com a realidade. E, tal como em 1950, ainda temos fidalgos wannabe que querem à força brincar aos riquinhos para depois brincarem aos pobrezinhos. País giríssimo, sei lá.



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sexta-feira, 28 de março de 2014

Henrique Neto responde a José Gomes Ferreira





 - Este texto escrito por Henrique Neto consiste numa Carta Aberta dirigida a José Gomes Ferreira como resposta ao seu artigo polémico intitulado de


Carta a uma Geração Errada, publicado Aqui

 Se por acaso não leu o texto polémico, evidente com a leitura deste artigo, não terá dificuldades em  perceber alguns dizeres descabidos de José Gomes Ferreira. 
"Geração errada" responde a José Gomes Ferreira - Polémica
     Foto retirada daqui     
                                                                                                                                                            “Caro José Gomes Ferreira
Confesso a minha surpresa pelo teor da sua carta “A Uma geração Errada”, na medida a que me habituei a posições suas muito reflectidas e geralmente ajustadas às circunstâncias. Neste caso, lamento dizer que seu texto é um mau serviço prestado aos portugueses que passam fome, além de profundamente injusto, porque reabre o conflito de gerações que o actual governo tem promovido e que não esperava que o JGF subscrevesse.
O texto é injusto ao colocar os problemas do País no plano geracional  porque, como deve saber, foram as novas gerações que estiveram amplamente representadas nos diferentes governos que endividaram o País e são ainda as novas gerações que nos continuam a endividar no actual governo. Contrariamente, são as velhas gerações, que durante  muitas dezenas de anos sustentaram a Segurança Social e o Estado Social, que estão agora a sofrer os cortes nos seus rendimentos levados a cabo pela geração do actual Primeiro Ministro.
Portanto, não subscrevo a sua tese e a do actual governo, criadora de um conflito de gerações, que é um falso problema, mas já que a sua carta vai por aí não posso deixar de lhe chamar a atenção para a visão distorcida e de via única que a sua carta comporta. Até porque foram alguns dos mais velhos, nos quais me incluo, que protestaram por todos os meios, nomeadamente no seu programa, contra os erros, desmandos e autoritarismo dos governos, em particular dos governos de José Sócrates, quando a parte de leão do endividamento do Estado  foi criada, como muito bem sabe. Por isso, pessoalmente, não posso aceitar as suas injustas considerações, até porque desde os governos de António Guterres que protesto contra a ausência de uma estratégia de crescimento económico e contra as chamadas políticas do betão criadoras de despesismo a favor dos sectores da construção e obraspúblicas, da especulação imobiliária, das telecomunicações, dos rendeiros da energia e da resultante corrupção para que o Pais foi conduzido. Aliás, as fortunas que resultaram do monstro da corrupção estão maioritariamente, como espero que saiba, nos bolsos de outras gerações que não da minha geração. Pessoalmente descontei para a Segurança Social durante 59 anos para ter uma reforma milionária de 4500 euros, sujeita, como todas as outras, a cortes indiscriminados.
O segundo erro, que não esperava de si devido às denúncias que tem feito como jornalista, reside em considerar que os subscritores do Manifesto, como os Portugueses em geral, não têm o direito de procurar e debater novas soluções para Portugal, e além da vil tristeza e da miséria para que estamos passivamente a ser conduzidos como um rebanho sem ideias, sem alternativa e já sem coragem. E a favor de quê, pergunto-lhe?
Pela sua carta o objectivo parece ser o de não melindrar os nossos credores internacionais, não fazer ondas e aceitar o que eles decidirem sem mesmo questionar se a União Europeia pode ou deve ter uma política de sustentabilidade e de crescimento das economias dos diferentes países europeus. Nesse caso pergunto-lhe para que serve a democracia portuguesa e a democracia europeia se aos cidadãos europeus  é vedada a procura de soluções alternativas? Pergunto-lhe também quem definiu o timing e a pretensa inoportunidade do Manifesto? Porquê então, após três anos de sermos os bons alunos das políticas germânicas, o endividamento continua a crescer e o desemprego a fuga dos jovens e o empobrecimento das famílias portuguesas não pára e a fome cresce um pouco por todo o Pais?  Tem o JGF alguma solução, para além de não fazermos nada?
Quanto a “deixar os jovens trabalhar” considero isso um insulto gratuito  aos mais velhos que, com enormes dificuldades, lutam por manter os filhos e os netos à tona de água ou os ajudam a sobreviver através da emigração.
É fácil entretanto, haja Deus,  estar de acordo consigo quanto aos estádios, ou sobre os negócios ruinosos do Estado:Swapps, BPN, BPP, parcerias público privadas, energia cara e produtores a enriquecer, regulação inexistente, empresas públicas ruinosas e privatizações feitas a feitio com os consultores interessados do costume, com garantia de empregos bem pagos em administrações faz de conta de políticos de várias gerações, em que a sua está bem representada.  É para manter tudo isso que devemos continuar calados?
Pessoalmente, luto contra tudo isto há vinte anos e nunca pedi licença a ninguém para o fazer. Espero que compreenda que também não o faça agora devido ao Manifesto que, como cidadão livre, assinei e cuja iniciativa saúdo. Contra a demissão.
Com amizade .Henrique Neto”

Já agora vejam este vídeo onde se apontam as causas da situação a que chegou este País!



sábado, 22 de março de 2014

Rússia e Crimeia



Onde se revela outro aspecto de muito mais longo fôlego. No fundo, a Europa nunca ultrapassou a divisão de Bizâncio. Enquanto a Rússia insistentemente desde Gorbatchev fala da Casa Comum Europeia, e mesmo Putin originariamente tentou aproximações à Europa, os bem pensantes de esquerda e de direita, liberais, alternativos e quejandos (comem todos da mesma gamela, as suas categorias são as mesmas, alimentados por uma superficial cultura americana da esquerda à direita) continuam a opor-se a um Bizâncio que não sabem ver como tal. São apenas reaccionários sem o saber, ignorantes sem o admitir. Repetem as mesmas alergias de séculos. Quem não sabe História está condenado a repeti-la, dizia o velho Santayana, completamente intranscendente em metafísica, mas sensato em algumas coisas que disse em História. E pior ainda, a viver no enfado e gerá-lo no outros.

No fundo, o dito Ocidente padece do preconceito típico do pós-modernismo: eu tenho sempre razão, precisamente porque nego a natureza absoluta da razão. A Rússia não a tem toda, mas o dito Ocidente ainda menos. A crise é bem mais grave do que parece, mas não pela vontade de a levar às últimas consequências. A Europa e os Estados Unidos precisam da Rússia tanto quanto esta precisa da Europa (um pouco menos dos Estados Unidos). Em questões como as do Irão, da Coreia do Norte, da Síria, mas também, muito menos falados, da Ásia Central e das relações com a China, a Rússia é insubstituível. O espectáculo da indignação ficta, tão característico dos pequeno-burgueses, vai continuar. Vamos todos fazer o papel que estamos muito indignados, mas depois a Rússia vai levar a sua melhor. A questão é que entretanto já a ofendemos mais uma vez, já a destratámos, já a afastámos mais um pouco.

Qual o maior pecado da Rússia? O de que querer ser independente, efectivamente independente dos Estados Unidos, e da ordem mole que estes pretendem impor. Não vejo santos de um lado nem do outro. Mas tenho muita vergonha de viver numa época em que a Europa, sem grande dignidade, acata docilmente a instrução americana e se esquece do seu maior parceiro, daquele que é o maior país europeu. Mais uma vez, e em nome da modernidade, um tique velho de mais de mil anos persegue a Europa. Perseguir Bizâncio sem perceber que sem este ela é incompleta.



Alexandre Brandão da Veiga

sábado, 8 de março de 2014

Viva, a boa polícia conseguiu suster os maus polícias!"




Copo bem cheio ---Escadaria meio vazia!

Se você ainda fala de copo meio cheio ou de copo meio vazio, não está a par das notícias. Agora, a metáfora é outra: a escadaria está meio cheia ou meio vazia? O optimismo e o pessimismo agora medem-se pela escadaria parlamentar. Se tipos gritam "invasão! invasão!" e chegam a metade dos degraus de São Bento, perante essa mesma realidade, você pode ver a coisa meio cheia ou meio vazia, é conforme. Você pode dizer: "Viva, a boa polícia conseguiu suster os maus polícias!" Ou dizer: "Mais degraus e só nos resta a GNR. E se esta cai, é a anarquia!" Se uma quer dizer que você é optimista e a outra, pessimista, ou vice-versa, isso já não sei. A teoria da escadaria vazia ou cheia (como a do copo) depende do nosso prisma de partida. Para um antialcoólico, um copo meio vazio já está cheio que baste... Optimista ou pessimista, havia ontem quem suspirasse: "Esmaga-se a GNR à entrada de São Bento e o traidor Passos Coelho foge para se ir refugiar junto à Merkel!" Ao que outros (optimistas? pessimistas?) diriam: "Ai que vamos perder a nossa Crimeia para os alemães!..." Aqui chegados, podemos concluir todos, optimistas e pessimistas, que é tolo vermos o mundo pelo semi-conteúdo dos copos (ou escadarias). A vida é mais complexa e mais simples. Complexa, porque a cabeça quente de poucos pode tramar a razão da maioria. Simples, porque frente ao Parlamento, em democracia, um polícia não fica na ambiguidade de subir ou descer. Defende-o, ponto.


Tirado Daqui