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sábado, 24 de dezembro de 2016

Como morreu Daniel Roxo

                                           Francisco Daniel Roxo

                                                      BIOGRAFIA 

Francisco Daniel Roxo,nasceu em Mogadouro (Portugal) a 1 de Fevereiro de 1933.
 Foi para Moçambique em 1951.Aprende a conhecer o território como ninguém,em especial o Niassa.Foi caçador profissional até 1962.Com a guerra,irá tornar-se,a partir de 1964,um lendário e temível comandante de um grupo de forças especiais de contra-guerrilha (30 homens da sua confiança),lutando contra a Frelimo,à margem das regras  da guerra convencional.Era conhecido como o Diabo Branco.
 Embora fizesse muitas operações com as forças do Exercito Português, eram sempre ele e os seus homens que executavam os golpes de mão, para eliminar as sentinelas nos aquartelamentos da Frelimo. Que tinham um medo terrível deste homem e do seu grupo.
Contava-se que qualquer dos seus homens ,onde pusesse os olhos punha a bala.


Daniel Roxo quando foi condecorado em Lourenço Marques
Embora não sendo Militar,recebe das autoridades Portuguesas 2 Cruzes de Guerra e uma medalha de Serviços Distintos pelos serviços prestados ao País
 Já depois do 25 de Abril, ainda fez parte de uma tentativa de golpe de maioria branca na então Lourenço Marques, ocupando a Rádio Moçambique.
Após a Independência de Moçambique,refugiou-se  na África do Sul, alistando-se no famoso Batalhão os Búfalos,com a patente de Sargento.
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                                                  OPERAÇÃO SAVANA

A sua acção neste combate foi épica.A ele e a outros Portugueses se deve a grande vitória da ponte 14 em de 1975 no Rio Nhia em que milhares de Cubanos e Soldados do MPLA foram clamorosamente derrotados pelo Batalhão 32.Durante a batalha,  Portugueses deste Batalhão sofreram quatro mortos.Entre os Cubanos mortos figurava  o comandante da Força Expedicionária daquele País,o Comandante Raúl Diaz Arguelles,grande herói de Cuba.


                                                    A SUA MORTE 


Poucos meses depois Daniel Roxo,morria em Combate.Antes contudo tinha já recebido a maior das condecorações Sul-Africanas (equivalente à Portuguesa Torre e Espada).Só no primeiro abateu sózinho 11 inimigos a tiro.

Durante uma patrulha em 23 de Agosto de 1976, perto do Rio Okavango,o seu WOOLF,(veículo anti-minas,semi blindado)rebentou uma mina e  foi virado ao contrário,matando  um homem e esmagando Daniel Roxo.O resto da tripulação tentou levantar o veículo para o libertar mas era demasiado pesado.Breytenbach,antigo Comandante dos Búfalos  no seu livro "Eles Vivem Pela Espada" - "They Live by Sword" a páginas 105 escreveu:
 Danny Roxo,mantendo-se com o seu carácter intrépido,decidiu  tirar o melhor partido da situação,acendendo um cigarro e fumando-o calmamente até que este acabou,e então morreu esmagado debaixo do WolfEle não se tinha queixado uma única vez,não tinha dado um único gemido ou grito,apesar das dores de certeza serem enormes.


As Campas dos Portugueses mortos ao serviço da África do Sul

Assim morreu o Sargento Daniel  Roxo,um HOMEM que se tinha tornado numa lenda nas Forças de Segurança Portuguesa em Moçambique,e que rapidamente se tornou noutra lenda nas Forças Especiais Sul Africanas.
 


Recordo o comandante Roxo, com a sua pistola, no cinto  da sua cintura, nas ruas de Vila Cabral ou no café Planalto. Em Setembro do ano de 1967.
Eu tinha sido ferido com um tiro na cabeça na operação (Aquartelamento dos Macondes) no norte do Niassa, a 23 de Agosto de 1967, sendo evacuado para aquela localidade Já em  Agosto de 68 ,quando já estávamos no descanso para embarcar-mos para a Metrópole, fomos ainda mais uma vez chamados a  intervir na zona de Tenente Valadim.. na nossa escala por Vila Cabral ...fizemos uma pequena operação nos arredores dessa localidade , com elementos da  D G S e do Roxo...

José do Rosário  in B Caç.1891

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

E o Isolamento do Interior e Alvalade em particular!

 












No caso de Alvalade, os pormenores mais simples foram-nos retirados, não por desmazelo mas com intenção.
 Se fizermos uma viagem de qualquer capital de Distrito que nos rodeiam, não vê-mos uma única placa a indicar Alvalade. Quem por qualquer motivo se deslocar de Évora, Beja, Setúbal,para Alvalade só vem encontrar placas com o nome ( Alvalade) já muito perto da vila.Muitos são os casos que conheço de pessoas que andaram perdidos com dificuldades para chegar à nossa terra. Os casos mais frequentes que acontecem é quando da realização das festas do Foral. Quem vem da Mimosa e vira para Alvalade ....(A)vê três placas , que dizem ...Alvalade ....Cercal ...e Lagos, das localidades indicadas Alvalade é a que tem mais silabas , mas é a que tem a placa mais pequena.Quando dos estágio dos remadores na Daroeira, a própria comunicação Social publicitava o acontecimento, como se ele estivesse a acontecer em Santiago do Cacem. Eu, desde sempre e até aos princípios dos anos 70, sempre conheci uma delegação do Registo Civil em Alvalade....há muito que foi retirada. O Posto da G N R tinha sempre um efectivo de pessoal que dava para durante a noite, pelo menos uma patrulha a vigiar a vila...... ao que me contam, durante a noite existe um homem que tem que ficar no Posto. Quando somos confrontados com mais criminalidade  e mais violenta em lugar de vermos a nossa segurança reforçada, somos abandonados e sujeitos ao que nos possa acontecer. Os tempos de deixarmos a nossa porta franqueada a quem quisesse entrar, já são tempos para recordar .São estes e outros casos, que cada vêz mais vão minando a Democracia, a juntar-se ás dificuldades do dia à dia, farão com que um dia apareça um Salazar subtil e populista, que em nome da ordem e da Grei  fará o funeral à Democracia...............................!

(A) Já mudaram as placas 
e Alvalade já está com um visual aceitável...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O Mundo Virtual e o real em que vivemos

               





    
    Um menino se chega ao pé de alguém que num restaurante, se prepara para almoçar. Enquanto espera que o sirvam, abre o portátil e começa a ler os emails. Senhor pode me dar uma moeda para comprar um pão? Não.. não tenho moedas,.... me dê só uma moeda para comprar um pão.
Está bem eu compro-te um pão!.......Senhor pede para pôr manteiga e queijo no pão.....Ok, mas está calado.......quero trabalhar.......Entretanto chega a refeição. E pede o pão para o rapaz. O empregado pergunta : quer que o mande embora ...não, está tudo bem....então o menino se senta. Senhor o que está fazendo? Estou lendo Emails. O que são emails? São mensagens eletróncias enviadas por pessoas via Internet. é como se fosse uma carta, só que por via Internet. Senhor você tem Internet? Tenho sim....o que é Internet? É um local no computador onde podes conhecer pessoas, ler , ouvir musica e até poderes ver um mundo, onde tudo é belo e `a nossa maneira .É o mundo virtual. O que é Virtual? É um local que imaginamos. É aqui que criamos um Mundo à nossa maneira, um Mundo que gostamos. Isso é bonito...gostei. Tu entendes o que é virtual? Sim eu também vivo nesse Mundo Virtual. Tu tens computador? Não, mas o meu Mundo é desse geito ..virtual.Minha mãe fica todo o dia fora, chega muito tarde, quase não a vejo. Eu fico cuidando do meu irmão mais pequeno que vive chorando com fome, eu lhe dou água para ele pensar que é sopa. Minha irmã mais velha sai todo o dia, diz que vai vender o corpo, mas eu não entendo, pois volta sempre com o seu corpo. Meu pai está na cadeia.........., mas eu sempre imagino a minha família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos de Natal. Eu indo à escola, para ser médico um dia. Isto não é virtual senhor? Fechou o portátil antes que as lágrimas lhe começassem a cair pela cara. Esperou que o menino acabasse de comer. Que agradeceu com o mais belo sorriso que alguma vêz recebeu na vida, com um obrigado sr. Você é bom!...O mundo Virtual em que vivemos esquecendo o Mundo Real em que milhões de pessoas vivem!........

José do Rosário

sábado, 10 de dezembro de 2016

Um bom exemplo : Auto Europa

     

                                                                                                                Numa empresa, trabalhadores e administração chegam a um acordo laboral para responder a variações de encomendas e de produção.
Do comunicado divulgado para anunciar o entendimento aparecem, entre outras, duas citações desses responsáveis: a) "Acreditamos que a redução para um turno é uma situação transitória e que o futuro está ao nosso alcance. Queremos também mostrar à casa-mãe que sabemos adaptar-nos às circunstâncias"; e b) "Esta solução permitirá a manutenção do emprego e do rendimento dos colaboradores, sem colocar em causa a produtividade da unidade".
A pergunta é: qual destas frases é a da administração e qual é a da Comissão de Trabalhadores?
Não é óbvio, contrariando o que estamos habituados. E se soubermos que a primeira frase (a) é a dos trabalhadores e a segunda (b) a que cita a administração, temos a sensação de estar a ver um pouco do nosso mundo ao contrário. A administração a sublinhar a manutenção do emprego e dos rendimentos e os trabalhadores a pensarem no futuro da unidade e na imagem dentro do grupo multinacional. Onde é que já se viu? Viu-se, vê-se, na Autoeuropa, por exemplo.
Bem sei que a fábrica portuguesa do grupo Volkswagen é o exemplo fácil que está sempre à mão. Mas só é fácil porque eles, administrações e representantes dos trabalhadores, o têm feito assim de forma continuada, responsável e equilibrada para todos os interessados.
Há uns anos, um director-geral da Autoeuropa mostrou-me dados que comparavam a fábrica com outras do grupo VW. A produtividade era das mais elevadas, o absentismo era dos mais baixos e a generalidade dos indicadores de qualidade, eficiência e eficácia estava muito bem situada no ranking global da marca que inclui fábricas em várias geografias, na Europa (Espanha, França, Alemanha, Itália, vários países do Leste da Europa), América Latina ou Ásia.
O ambiente laboral, a forma como administração e Comissão de Trabalhadores negoceiam e se entendem, não é seguramente alheia a estes resultados.
Isto acontece há décadas e tendo como protagonistas vários directores-gerais de várias nacionalidades - alemães, um espanhol, dois portugueses -, o que indicia que mais do que as pessoas, as suas personalidades ou habilidades negociais, há uma cultura no grupo de envolvimento dos trabalhadores na gestão laboral que dá bons resultados.
Mas o segredo também está do lado dos trabalhadores, de quem os representa e defende os seus interesses: António Chora, o histórico líder da Comissão de Trabalhadores. Não consta que Chora seja passivo nessa sua tarefa, senão não seria reeleito sucessivamente pelos cerca de 3500 trabalhadores. Também já aconteceu uma proposta de acordo laboral negociada com a administração ter sido rejeitada por uma larga maioria dos trabalhadores, obrigando à sua renegociação, o que mostra que ali ninguém facilita na defesa de direitos e no cumprimento de deveres.
António Chora e os seus colegas sindicalistas estão certamente mais preocupados com a Autoeuropa, a sua sustentabilidade e a repartição justa de benefícios do que na criação de focos de instabilidade laboral ou social, reais ou fictícos, que possam abrir o Telejornal e contribuir para a impopularidade mediática dos governos. E prestam contas aos seus pares trabalhadores da empresa sem a preocupação de mostrar serviço político a qualquer Comité Central partidário ou à direcção de uma central sindical, como acontece com os representantes dos trabalhadores em tantas outras empresas.
A Autoeuropa é o exemplo mais mediático e de maior dimensão de que muito do nosso fado laboral não tem que ser uma inevitabilidade. Que a produtividade pode ser tão boa ou melhor do que na generalidade dos países, que a formação permanente é fundamental, que uma gestão que responda também aos anseios dos colaboradores, envolvendo-os, tem bons resultados, e que o maniqueísmo do "nós contra eles" é um disparate quando o que está em causa é a manutenção de postos de trabalho e o rendimento dos trabalhadores, a vitalidade de unidades produtivas e a sua competitividade global.
Num momento em que assistimos a conflitos laborais mal resolvidos - veja-se o desfecho do caso dos estivadores, que conseguiram essa coisa fantástica que é impedir as empresas de contratar novos trabalhadores - e a decisões tomadas a régua e esquadro que vão custar muito dinheiro aos contribuintes - a sinuosa gestão do regresso às 35 horas no Estado - os protagonistas da Auto-Europa podiam ajudar ainda mais o país ensinando como se fazem as coisas bem feitas. Bem sei que a missão deles é construir automóveis, mas só lhes podemos ficar gratos por mais esse esforço adicional.
 Fonte...http://24.sapo.pt/article/newspaper-latest/sapo24-blogs-sapo-pt_2016_06_01_451401734_ensina-nos-como-se-faz--autoeuropa

Viver e sofrer durante dois anos, ou mais ! Moçambique África Oriental

   Viver e sofrer  durante dois anos, ou mais !




A ida para África, África e seus mistérios, África e a guerra, provocavam, de forma geral, nos jovens na iminência de serem mobilizados, reacções de receio, mas também de curiosidade, Nos  anos 60,  os portugueses tinham de África e da guerra um conhecimento povoado de mitos e fantasias construídos sobre a vida na selva e o contacto com populações estranhas. Em época de informação controlada pela censura e propaganda, e condicionada pela relativa pobreza dos métodos e processos de a difundir, transformar rapidamente jovens europeus, camponeses e citadinos, em soldados capazes de viver e combater nos teatros africanos exigia o recurso a todos os meios, incluindo a arte e o humor.
As Forças Armadas, especialmente o Exército, por ser o ramo que movimentava maior número de efectivos, deitaram mão a esses recursos como complemento da preparação dos seus soldados para a realidade que iriam encontrar e a melhor forma de enfrentar situações em que poderiam ver-se envolvidos. Aproveitando a arte e o engenho de alguns militares, de que se destacam o oficial de Cavalaria Vicente da Silva e José Rui, entre outros que mais tarde obtiveram sucesso como desenhadores de cartoons, o Jornal do Exército publicou, nos primeiros anos da guerra, uma série de «Conselhos aos Soldados no Ultramar», que, embora enquadrados nas actividades de acção psicológica, revelavam apurado sentido de humor e de crítica. Também as páginas humorísticas relativas às missões dos corpos de tropas e às situações vividas nas várias fases da comissão contribuíam para integrar os jovens militares nas realidades que viviam ou iriam viver.
O dia-a-dia dos militares nos quartéis do mato passava-se entre as tarefas de segurança, as operações e a rotina dos longos dias. Excepto nas guarnições sujeitas a grande pressão dos guerrilheiros, os dias cumpriam-se no contacto com as populações, nas permanências no bar, na correspondência com a família, na prática de algum desporto e, por vezes, na caça.
A ideia prevalecente na maioria dos militares era a de que a comissão durava duas vezes 365 dias. A partir da data do embarque, iniciava-se a contagem decrescente até ao regresso. A partir do local onde se encontrava, media-se a distância a que se estava de casa.
Os quartéis portugueses em África reproduziam a cultura de origem dos seus ocupantes, sendo vulgar organizarem-se pequenas explorações agrícolas, onde se cultivavam produtos metropolitanos que melhoravam a dieta alimentar.
As relações com as populações locais eram, regra geral, fáceis e traduziam-se na troca de serviços, dos domésticos aos sexuais, por algum tipo de remuneração, alimentos e tratamentos sanitários.
O correio constituiu caso especial na permanência dos militares em África. A correspondência com a família, as namoradas e os amigos consumia grande parte do tempo disponível dos mobilizados e aliviava tensões que seriam dificilmente suportadas sem esse escape. O Serviço Postal Militar (SPM) organizado pelas Forças Armadas atingiu elevados padrões de eficácia, existindo a noção em todos os escalões de comando de que receber a correspondência regularmente era essencial para manter o moral das tropas. O momento da chegada do correio e a sua distribuição provocava excitação compreensível. Por isso, todos os meios foram utilizados para fazer chegar o saco de lona do SPM às guarnições mais isoladas.   


                 A chegada do correio...o momento sempre desejado
  Na foto  em cima, pode ver  no típico quartel  no mato.
O correio que foi, ao longo dos anos de guerra, um dos factores mais importantes para a manutenção do moral dos homens. Parabéns ao Serviço Postal Militar!
Neste âmbito, o aerograma (na gíria: o bate-estradas) foi uma das criações que melhor serviu os militares. Tratava-se de uma folha de papel amarela ou azul impressa de um dos lados para inscrição dos dados relativos ao destinatário e ao remetente e do outro ao texto. Dobrava-se e não necessitava de envelope nem de selo. 

 Compilado por: José do Rosário