------------------------------------------------------------- ALVALADE-SADO!-------------------------------------------------------Blogue de informação geral sobre o mundo e o País que é Portugal

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019


A Lenda da Costureirinha


Entre as crenças que algum dia existiram no Baixo Alentejo, e em Alvalade –Sado  em particular  a da costureirinha era uma das mais conhecidas. Não é difícil, ainda hoje, encontrar pessoas de alguma idade, e não tanta como isso... que ouviram a costureirinha. O que se ouvia, então? Segundo diversos testemunhos, ouvia-se distintamente o som de uma máquina de costura, das antigas, de pedal, assim como o cortar de uma linha e até mesmo, segundo alguns relatos, o som de uma tesoura a ser pousada. Um trabalho de costura, portanto. O som trepidante da máquina podia provir de qualquer parte da casa: cozinha, quarto de dormir, a casa de fora, e até mesmo de alpendres. De tal modo era familiar a sua presença nos lares alentejanos que não infundia medo. Era a costureirinha.
Mas quem era ela? Afirma a tradição que se tratava de uma costureira que, em vida,
costumava trabalhar ao domingo, não respeitando, portanto, o dia sagrado. É esta a versão mais conhecida no Alentejo. Outra versão afirma que a costureirinha não cumprira uma promessa feita a S. Francisco. Esta última versão aparece referenciada num exemplar do Diário de Notícias do ano 1914 em notícia oriunda de aldeias do Ribatejo. Pelo não cumprimento dos seus deveres religiosos, a costureirinha for a condenada, após a morte, a errar pelo mundo dos vivos durante algum tempo, para se redimir. No fundo, a costureirinha é uma alma penada que expia os seus pecados, de acordo com a crença que os pecados do mundo, o desrespeito pelas coisas sagradas e, nomeadamente, o não cumprimento de promessas feitas a Deus ou aos Santos podiam levar à errância, depois da morte. Já não se houve, agora, a costureirinha? Terminou já o seu fado, expiou o castigo e descansa em paz? A urbanização moderna, a luz eléctrica, os serões da TV, afastaram-na do nosso convívio. Desapareceu, naturalmente, com a transformação de uma sociedade rural arcaica, que tinha os seus medo, os seus mitos, as suas crenças e o seu modo de ser e de estar na vida. Á  noite em  Alvalade e até meadas dos anos 50 não havia luz eléctrica em Alvalade e as pessoas  ( famílias ) principalmente no Inverno reuniam-se em casas de pessoas mais abastadas que tinham sempre lume (fogueiras  acesas, onde  a minha geração, ouvia  lendas e histórias quase sempre tenebrosas de tal modo que quando saía-mos olhava-mos em todas as direcções …não aparecessem as almas penadas à nossa frente … 


0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial