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segunda-feira, 28 de julho de 2014

E por favor desliguem os telemóveis!...





Não é estranho que os sites de maior audiência actual, em todo o mundo , sejam as tais redes sociais?

Isso apenas nos mostra que queremos interagir, muito, queremos interagir mais e com um maior número de pessoas.

Ao mesmo tempo, nessa ligação com as  com as pessoas é cada vez menor!

Num fim de semana em  fim de tarde.

Estou no bar com alguns  amigos. Sentam-nos na mesa animados depois de mais uma semana que chegou ao final. Alguns,  estão com o telemóvel nas mãos, enquanto converso com os outros, tentando decidir que bebida vamos pedir.

Pedimos, enquanto os outros dois concordam levemente com um movimento de cabeça, quase imperceptível. O empregado anota,  sai e os outros se juntam àqueles que parecem ter coisas a serem verificadas em seus aparelhos. Eu até comento sobre o que está ocorrendo e eles riem sem tirar os olhos da do aparelho.

Olho o bar se enchendo de pessoas, e fico numa tal situação, que me sinto tentada a pegar o telemóvel. O Samsung está desligado, e não há notificações para mim. Melhor assim.

O empregado traz os copos, e a cerveja,  serve. Assisto um a um, a ver um sair de sua pequena bolha tecnológica, para ver o líquido dourado preencher seu respectivo copo. Nos olhamos e brindamos alegres. Os telefones descansam serenos em cima da mesa.

Agora estamos todos,de copo na mão, celebrando o momento. 

Bebo e quando termino o primeiro gole, três estão de volta aos seus telemóveis e um meio silêncio ronda a mesa.

Falta assunto.pelo menos ao vivo, enquanto online, a coisa continua a rolar.

Meu telemóvel  não se mexe, não acende, não pisca. Meu Samsung continua desligado e eu continuo sem assunto.

Copos depois,  piadas maldosas, sobre o uso do aparelho e umas batatas  fritas , estou de volta com as pessoas que queriam beber comigo.

Agora sim falamos, conversamos, olhando uns nos olhos, dos outros. Estamos ligados.

Precisamos nos “embebedar  para viver a vida real?

Tento ignorar, agora bem mais a vontade, o facto de um ou outro “sair” da conversa, para olhar  o telemóvel enquanto estamos juntos. É a vida!

Se você nunca passou por isso nos últimos anos, você não vive neste planeta.

Pelo menos  onde  tenha Internet.

É cada vez mais normal que as pessoas fiquem conectadas e tão alheias ao que acontece a sua volta?

Mas a, eu decidi escrever sobre isso. Afinal, eu sou dessas que acredita que as pessoas precisam voltar a  falar, olhar nos olhos  Mas  a realidade não é bem assim.

Estou no computador, com auscultadores  no ouvido, que me preenchem com a música que eu gosto de ouvir, meu telemóvel está ao lado, e paro para ver  minhas últimas mensagens, quase perco o raciocínio com uma notificação de Twitter e chego ao fim deste parágrafo me sentindo mais um E.T deste planeta que tanto critiquei até agora.

Então, decido. Tiro meus auscultadores desligo a música. Viro o telemóvel de cabeça para baixo, e ouço meus dedos baterem nas teclas fazendo algum barulho.

Tarde demais. As pessoas do meu lado já estão de auscultadores nos ouvidos . Não estão à disposição, não querem ouvir. Querem permanecer trancadas no mundo quentinho e gostoso onde tudo para elas faz sentido.

Daí eu lembrar-me do bar, e dos sites mais procurados , e lembrei-me de mim, e de todos meus amigos que estão de alguma forma ligados  comigo.

Lembrei que neste último 28-01 recebi mais de 180 notificações de aniversário pelo Facebook, e Skype. Nove amigos ligaram. Mas foram os netos ,filhas e genros

Nove.

Convidei-os. Mas no próximo... vou-lhe pedir: “Por favor, desliguem os telemóveis.

Texto adaptado, por mim, de outro retirado da Internet.

Imagem retirada daqui :  http://expresso.sapo.pt/sociedade/2017-10-28-Escravos-do-telemovel#gs.MQ5qDaU