E por favor desliguem os telemóveis!...
Não é estranho que os sites de maior audiência actual, em todo o mundo , sejam as tais redes sociais?
Isso apenas nos mostra que queremos interagir, muito, queremos interagir mais e com um maior número de pessoas.
Ao mesmo tempo, nessa ligação com as com as pessoas é cada vez menor!
Num fim de semana em fim de tarde.
Estou no bar com alguns amigos. Sentam-nos na mesa animados depois de mais uma semana que chegou ao final. Alguns, estão com o telemóvel nas mãos, enquanto converso com os outros, tentando decidir que bebida vamos pedir.
Pedimos, enquanto os outros dois concordam levemente com um movimento de cabeça, quase imperceptível. O empregado anota, sai e os outros se juntam àqueles que parecem ter coisas a serem verificadas em seus aparelhos. Eu até comento sobre o que está ocorrendo e eles riem sem tirar os olhos da do aparelho.
Olho o bar se enchendo de pessoas, e fico numa tal situação, que me sinto tentada a pegar o telemóvel. O Samsung está desligado, e não há notificações para mim. Melhor assim.
O empregado traz os copos, e a cerveja, serve. Assisto um a um, a ver um sair de sua pequena bolha tecnológica, para ver o líquido dourado preencher seu respectivo copo. Nos olhamos e brindamos alegres. Os telefones descansam serenos em cima da mesa.
Agora estamos todos,de copo na mão, celebrando o momento.
Bebo e quando termino o primeiro gole, três estão de volta aos seus telemóveis e um meio silêncio ronda a mesa.
Falta assunto.pelo menos ao vivo, enquanto online, a coisa continua a rolar.
Meu telemóvel não se mexe, não acende, não pisca. Meu Samsung continua desligado e eu continuo sem assunto.
Copos depois, piadas maldosas, sobre o uso do aparelho e umas batatas fritas , estou de volta com as pessoas que queriam beber comigo.
Agora sim falamos, conversamos, olhando uns nos olhos, dos outros. Estamos ligados.
Precisamos nos “embebedar para viver a vida real?
Tento ignorar, agora bem mais a vontade, o facto de um ou outro “sair” da conversa, para olhar o telemóvel enquanto estamos juntos. É a vida!
Se você nunca passou por isso nos últimos anos, você não vive neste planeta.
Pelo menos onde tenha Internet.
É cada vez mais normal que as pessoas fiquem conectadas e tão alheias ao que acontece a sua volta?
Mas a, eu decidi escrever sobre isso. Afinal, eu sou dessas que acredita que as pessoas precisam voltar a falar, olhar nos olhos Mas a realidade não é bem assim.
Estou no computador, com auscultadores no ouvido, que me preenchem com a música que eu gosto de ouvir, meu telemóvel está ao lado, e paro para ver minhas últimas mensagens, quase perco o raciocínio com uma notificação de Twitter e chego ao fim deste parágrafo me sentindo mais um E.T deste planeta que tanto critiquei até agora.
Então, decido. Tiro meus auscultadores desligo a música. Viro o telemóvel de cabeça para baixo, e ouço meus dedos baterem nas teclas fazendo algum barulho.
Tarde demais. As pessoas do meu lado já estão de auscultadores nos ouvidos . Não estão à disposição, não querem ouvir. Querem permanecer trancadas no mundo quentinho e gostoso onde tudo para elas faz sentido.
Daí eu lembrar-me do bar, e dos sites mais procurados , e lembrei-me de mim, e de todos meus amigos que estão de alguma forma ligados comigo.
Lembrei que neste último 28-01 recebi mais de 180 notificações de aniversário pelo Facebook, e Skype. Nove amigos ligaram. Mas foram os netos ,filhas e genros
Nove.
Convidei-os. Mas no próximo... vou-lhe pedir: “Por favor, desliguem os telemóveis.
Texto adaptado, por mim, de outro retirado da Internet.
Imagem retirada daqui : http://expresso.sapo.pt/sociedade/2017-10-28-Escravos-do-telemovel#gs.MQ5qDaU
<< Página inicial