O comportamento dos Bancos, e a crise!
Esta carta foi direccionada a um banco, porém
devido à criatividade com que foi redigida, deveria
ser direccionada a todas as instituições financeiras.)
Gostaria de saber se os senhores aceitariam
pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria
na esquina da v/. Rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da
farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro desses serviços
indispensáveis ao nosso dia-a-dia.
Funcionaria desta forma: todos os senhores e
todos os usuários pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos
serviços (padaria, farmácia, mecânico, tabacaria, frutaria, etc.).
Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao
utilizador. Serviria apenas para enriquecer os proprietários sob a
alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade ou
para amortizar investimentos. Por qualquer outro produto adquirido
(um pão, um remédio, uns litro de combustível, etc.) o usuário
pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até
ligeiramente acima do preço de mercado.
Que tal?
Pois, ontem saí de um banco, com a certeza que os
senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e
honestidade. A minha certeza deriva de um raciocínio simples.
Vamos imaginar a seguinte situação: eu
vou à padaria para comprar um pão. O padeiro atende-me muito
gentilmente, vende o pão e cobra o serviço de embrulhar ou ensacar o
pão, assim como todo e qualquer outro serviço. Além disso impõe-se
taxas de. Uma 'taxa de acesso ao pão', outra 'taxa por guardar pão
quente' e ainda uma 'taxa de abertura da padaria'. Tudo com muita
cordialidade e muito profissionalismo, claro.
Fazendo uma comparação que talvez os
padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo no meu Banco.
Financiei um carro, ou seja, comprei um
produto do negócio bancário. Os senhores cobram-me preços de mercado,
assim como o padeiro cobra-me o preço de mercado pelo pão.
Entretanto, de forma diferente do padeiro,
os senhores não se satisfazem cobrando-me apenas pelo produto que
adquiri.
Para ter acesso ao produto do v/. negócio,
os senhores cobram-me uma 'taxa de abertura de crédito'-equivalente
àquela hipotética 'taxa de acesso ao pão', que os senhores certamente
achariam um absurdo e se negariam a pagar
Não satisfeitos, para ter acesso ao pão,
digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente no
v/. Banco. Para que isso fosse possível, os senhores cobram-me
uma 'taxa de abertura de conta'.
Como só é possível fazer negócios com
os senhores depois de abrir uma conta, essa 'taxa de abertura de
conta' se assemelharia a uma 'taxa de abertura de padaria', pois só é
possível fazer negócios com o padeiro, depois de abrir a padaria.
Pedi um extracto da minha conta - um único
extracto no mês - os senhores cobram-me uma taxa de 1 EUR. Olhando o
extracto, descobri uma outra taxa de 5 EUR 'para manutenção da conta'
- semelhante àquela 'taxa de existência da padaria na esquina da
rua'.
A surpresa não acabou. Descobri outra taxa
de 25 EUR a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial
que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial
vou pagar os juros mais altos do mundo. Semelhante àquela 'taxa por
guardar o pão quente'.
Mas os senhores são insaciáveis.
A prestável funcionária que me atendeu,
entregou-me um desdobrável onde sou informado que me cobrarão
taxas por todo e qualquer movimento que eu fizer.
Cordialmente, retribuindo tanta gentileza,
gostaria de alertar que os senhores se devem ter esquecido de
cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações de v/.
Banco.
Por favor, esclareçam-me uma dúvida:
até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma?
Depois de eu pagar as taxas correspondentes
talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e
profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma
padaria. Que a v/. responsabilidade é muito grande, que existem
inúmeras exigências legais, que os riscos do negócio são muito
elevados, etc., etc., etc. e que apesar de lamentarem muito e
de nada poderem fazer, tudo o que estão a cobrar está devidamente
coberto pela lei, regulamentado e autorizado pelo Banco de Portugal.
Sei disso, como sei também que existem seguros e garantias legais que
protegem o v/. negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os
riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos
senhores, talvez sejam muito mais elevados.
Sei que são legais, mas também sei que são
imorais. Por mais que estejam protegidos pelas leis, tais taxas
são uma imoralidade. O cartel algum dia vais acabar e cá estaremos
depois para cobrar da mesma forma.
Nota final: O Estado Português e os bancos fazem empréstimos no exterior a um juro que no futuro (devido à credibilidade que temos), poderá chegar aos 7%, mas os bancos pagam aos depositantes nacionais, nos depósitos a prazo, uma taxa que não vai além dos 1%. Ora se fosse usado uma politica de incentivo aos aforradores nacionais, com taxas mais atractivas, parte da dívida externa seria mantida dentro do território nacional e não estaríamos tão expostos ás especulações das empresas de Rating
Nota final: O Estado Português e os bancos fazem empréstimos no exterior a um juro que no futuro (devido à credibilidade que temos), poderá chegar aos 7%, mas os bancos pagam aos depositantes nacionais, nos depósitos a prazo, uma taxa que não vai além dos 1%. Ora se fosse usado uma politica de incentivo aos aforradores nacionais, com taxas mais atractivas, parte da dívida externa seria mantida dentro do território nacional e não estaríamos tão expostos ás especulações das empresas de Rating
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