Portugal, uma colónia angolana!..
Um velho país europeu numa má fase olha com inveja uma nação africana em plena ascensão. “Em Luanda diz-se, com um certo espírito de vingança, que Portugal se tornou uma colónia angolana!”, conta um antigo expatriado. E isto apesar de Angola não ter só vantagens: uma pobreza extrema que atinge dois terços dos habitantes, uma esperança de vida que não atinge os 40 anos, um custo de vida muito alto e um nível de corrupção recorde.
Vista de Lisboa, a antiga colónia parece um maná providencial. Primeiro cliente do país, fora da UE, Portugal investe muito em Angola (557 milhões de euros em 2009), e 800 empresas instaladas na ex-colónia.
Mas o sentido inverso também é verdadeiro: os milionários angolanos investem em Portugal na indústria de luxo, nos carros, nos hotéis onde passam as suas estadias, na alta-costura e na cirurgia plástica. José Calp, um empresário lisboeta, afirma: “Angola é a tábua de salvação da economia portuguesa!”
Entram devagar, através da compra de pequenas participações no capital de uma empresa. Depois, esperam que a empresa ou algum outro accionista tenha necessidade de dinheiro, algo que não falta aos grandes investidores angolanos.
Aos poucos, vão reforçando as suas participações até conseguirem ascender a uma posição dominante, nomear administradores e assumir o poder.
A banca, símbolo inequívoco de poder e Angola tem posições significativas em vários instituições financeiras portuguesas, não é o único alvo do interesse africano. Outros setores são objeto da atenção de cada vez mais investidores, próximos do poder político angolano, concentrado no Presidente José Eduardo dos Santos, mas com estratégias próprias, menos concertadas do que possa parecer à primeira vista.
Há tomadas de posição na comunicação social, na energia e até no sector agro industrial. Nos últimos anos, têm passado para mãos angolanas várias quintas, em quase todo o território nacional, desde o Douro até ao Algarve.
"O vinho e o azeite são produtos com uma grande procura e que atingem preços exorbitantes em Luanda. Por essa razão, alguns angolanos decidiram comprar quintas produtoras, em Portugal, e, deste modo, controlar todo o processo de um negócio garantido", diz um empresário de import- export.
O caso mais emblemático da estratégia angolana para Portugal é o BCP. Não foi muito difícil para a Sonangol comprar, em 2008, assim que estoirou a crise, 469 milhões de ações do banco, correspondentes a 9,99% do capital. No final do ano passado, a posição da petrolífera era de 12,44 por cento. Já na condição de maior accionista, tomou as rédeas da instituição bancária e substituiu a estrutura administrativa.
Leia a versão integral do artigo na revista Visão
<< Página inicial