A manifestação do dia 12
No próximo dia 12 o País assistirá a uma ou mais manifestações convocadas não por sindicatos, Igrejas ou Partidos Políticos, mas por grupos de jovens sob o lema "Geração à Rasca". Ninguém pode menosprezar essas manifestações. Não partiram de pessoas empregadas com salário e alguma estabilidade. Não partem de aparelhos que habitualmente as organizam e estruturam, criam as suas "palavras de ordem" e promovem a sua própria segurança.
No dia 12, juntar-se-ão os que tiveram expectativas e não as viram realizadas. Juntar-se-ão os que estudaram, têm cursos superiores, mas não têm emprego. Juntar-se-ão os que querem assumir a sua própria vida e não o podem fazer; são obrigados a viver em casa dos pais, pois não têm meios para garantir a sua autonomia. Olham para o futuro sem esperança e questionam-se e continuarão a questionar-se sobre a sua vida. Afirmam-se como estando "à rasca", não sendo eles rascas, e vêem gente que o é, que todavia sobrevive melhor e até muito melhor.
O potencial de revolta de uma sociedade nunca parte de quem está acomodado, seja ele o rico, o médio ou o pobre. Parte de quem esperou e não tem. De quem já teve, gostou, habituou-se, e de repente deixou de ter. As manifestações críticas raramente se geram no seio do ‘lumpen’, mas da média burguesia frustrada e desesperada.
Em Portugal, o desemprego tem ferido em demasia a classe média, e o desemprego juvenil atinge sobretudo os que já estudaram e concluíram cursos, mas sem sucesso na obtenção de emprego. Aliás, cada vez se estuda durante mais anos, prolongando a aprendizagem, apenas para não se ser confrontado com o espectro imediato do desemprego. Dia 12 deste mês é uma data que traduz um elevado grau de perigosidade social.
Pode ser o início de um movimento que, tendo cada vez mais expressão, tem apesar disso consequências nulas, pois não é o protesto que gera empregos e uma economia mais próspera.
Se o movimento crescer, crescer sempre e não tiver outras consequências que as de maior frustração, qual o limite atingível? Seria bom que a classe política percebesse que está a lidar com um fenómeno novo. Face a ele, as centenas de milhares de manifestantes da CGTP, UGT, partidos políticos, católicos ou laicos, tudo isso tem menor valor e relevância. A questão é perceber e antecipar se a partir do dia 12 se pode chegar, mesmo sem se desejar, a uma ‘Praça da Libertação’.
Tirado daqui
P. S- Talvez o que esta manifestação trás de novo é que não é uma manifestação orgânica ( controlada.... como disse em tempos um antigo presidente da Republica) e não sendo orgânica, poderá agora ou no futuro, ser difícil controlar..... quem hoje se sente lesado e participa na manifestação . Como se diz em cima...é uma manifestação que traduz um elevado grau de perigosidade, mas e só, para quem gere o poder e faz parte do sistema!...
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