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quinta-feira, 12 de junho de 2014

Velhos.... Grisalhos e dementes


O mundo não acabou em 2000, como convenientemente muitas empresas do sector anunciavam para evitar o bug informático que iria paralisar toda a sociedade contemporânea, dependente de tecnologia e programação. O mundo não acabou, nem sequer ficou paralítico. Ficou simplesmente velho. Pelo menos o mundo ocidental, pois foi no ano 2000 que na Europa, no Japão e até nos Estados Unidos, o número de idosos com idade superior a 60 anos ultrapassou o das crianças até aos 14. Avós e bisavós passaram a ser, pela primeira vez no início da década passada, mais que os netos e os bisnetos.
O envelhecimento populacional é uma tendência estrutural que há muito coloca a Europa - e Portugal - sob uma silenciosa pressão. A economia também vem perdendo capacidade para gerar riqueza, com a queda persistente da taxa de potencial de crescimento do produto.
Um problema, duas equações: a demografia gera aumentos imparáveis na despesa com a saúde e a segurança social; a economia não produz impostos em volume suficiente para cobrir os acréscimos desses encargos. Mas quando o Estado aumenta a despesa corrente primária acima do PIB, ano após ano, décadas a fio, o problema desaparece. Aqui começa o drama. Erosão das finanças públicas. Economia sem vigor. Pirâmide etária em forma de funil em pé. Outra estatística para projetar o quarto dilema: vai faltar mão-de-obra! Parece heresia, nos dias de hoje, afirmar uma coisa destas quando as taxas de desemprego estão nos píncaros. Mas o facto é que, em 2060, estima-se que 1/3 da população da UE tenha mais de 65 anos, enquanto a força laboral desce dos atuais 67% para 56% - ou seja, menos de dois trabalhadores ativos por cada reformado (o rácio atual é de quatro para um).
Se a Europa envelhece, se lhe vai faltando mão-de-obra, então "importa" imigrantes. Tem acontecido. Mão-de-obra é coisa que não falta ao Terceiro Mundo. Mas são diferentes, trazem outros hábitos culturais e confissões religiosas. Então a Europa reage, forma partidos xenófobos, dá-lhes força eleitoral e crescente expressão à intolerância. O Velho Continente revela uma faceta terrível da velhice: a senilidade.
As  ultimas eleições  voltaram a mostrar que as sociedades abastadas não aceitam a ideia de uma "importação" de trabalhadores sem limites. E estes limites não residem fundamentalmente nos mercados laborais. É aqui, neste ponto, que a demografia convoca o Estado e desafia a política. O debate é ideológico. Mas o problema é aritmético.
Portugal chegará a meio do século com uma população em que "desaparecem" 1.200.000 cidadãos face à actual. No fim desta década, a Europa terá 110 idosos por cada 100 jovens, segundo as projecções do departamento estatístico Eurostat. Trinta anos depois, serão 172 idosos por 100 jovens. Em 1990, eram 64 por 100.

Dinheiro Vivo