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quinta-feira, 30 de julho de 2015

É ...O medo de sair do Euro




Nunca se esqueçam de uma coisa: tudo o que está acontecer na Grécia, tudo o que aconteceu nestes últimos anos em Portugal e em Espanha, o mal estar em França, a angústia em Itália, é fruto do medo. O fruto maduro do medo de se sair do Euro. 
Imaginem um preso numa prisão há muitos anos: sonha com a liberdade mas tem medo. Na prisão conhece todos os amigos, lá fora já não tem ninguém, na prisão tem o seu lugar, a sua posição, o seu estatuto entre os outros, uma cama, comida, cuidados. Não é livre mas está habituado. E fica aterrorizado não com a ideia de continuar preso mas com a possibilidade de sair. Assim também somos todos. 

Temos um medo de morte de sair do Euro. Já todos sabemos, no Sul e nas margens da Europa, do Mar da Irlanda e do Atlântico até ao Mar Egeu, latinos, celtas e helénicos, católicos e cristãos ortodoxos, tudo o que nos chegará nos próximos 20 ou 30 anos. Está tudo escrito nos Tratados, tal como antigamente a verdade dos antigos estava anunciada nas Escrituras. 
A verdade é que seremos sempre obrigados a empobrecer. Teremos de ser alemães à força mas com o mesmo nível de vida dos moldavos. Poderemos sempre votar mas nunca poderemos decidir nem escolher. O nosso destino será sempre o do empobrecimento e o da política única. Nós, nunca mais poderemos fazer Política: a democracia-cristã e a social-democracia estão proibidos. Inconstitucionais. Uns são piegas e uns moles. Outros uns radicais de esquerda. Esqueçam as nossas Constituições: a Constituição que interessa é a do Tratado Orçamental e a do six pack e a ditada pelo Dr. Scäuble. Esqueçam as veleidades. Nunca mais seremos donos dos nossos destinos. 
Sabemos agora isto tudo. No fundo já vinhamos sabendo isto tudo. Mas temos todos medo. É o medo que nos mantém a todos unidos uns contra os outros. Os de cima contra os de baixo, os do Sul contra os do Norte, os perdedores contra os ganhadores, os credores contra os devedores. Mas é o medo que vai manter estes ressentimentos, estas humilhações, estas injustiças, cosidas e cerzidas pela amarra do Euro abrilhantada com as estrelas que nos ficam cravadas nos sonhos vãos de criar países e sociedades justas e decentes. 
Vamos caminhando pois todos juntos, como servos acorrentados às grilhetas do Euro, empobrecendo, decaindo, recuando. 
Chorem pois portugueses, espanhóis, italianos, franceses, irlandeses, pela Europa prometida dos sonhos de paz e de prosperidade. Vocês afinal têm aquilo que querem. Têm o vosso Euro não têm?



Carlos Reis (Facebook)