Medina Carreira: Ao Expresso!
Há quem lhe chame incómodo, pessimista, controverso, fatalista, profeta da desgraça, treinador de bancada. Henrique Medina Carreira está-se nas tintas. Aos 78 anos, sente-se na obrigação de não estar calado e de alertar os portugueses para a "fraude" em que vivem. Fá-lo da única maneira que sabe: com frontalidade, sem medir as palavras. Aos 78 anos, continua a estudar, a escrever e a criticar tudo e todos sem piedade. Afinal, o que o move? É um dever trabalhar enquanto a saúde o permite e é também uma autodefesa. Move-me o facto de ser cidadão de um país pobre, pouco educado, sem a percepção disso, e que não sai da cepa torta. Por ser assim, escolhe dirigentes que não são os mais aconselháveis para o ajudar a sair do lodo em que está metido. É o pessimista de serviço. Quando faz falta uma voz crítica, já se sabe a quem telefonar. Não o preocupa ser o incómodo número um da nação? Não sou pessimista. Chamam-me assim porque, para me responderem, tinham de ir trabalhar, estudar os números, raciocinar. Limitam-se a chamarem-me pessimista e dão repercussão a essa ideia. É a coisa mais estúpida deste mundo e é a fórmula cómoda de tentar anular o meu pensamento. Enquanto não vir gente capaz de tomar conta deste país, sou incómodo. Quando olho para os partidos, para estes dirigentes, não posso ser outra coisa. Os factos mostram que somos a pior economia da Europa e dos países mais endividados. Até hoje, não consegui arranjar uma pessoa para discutir comigo num programa na televisão... Têm medo de si? Não é de mim, é dos números. Mexer em números, com rigor, dá trabalho. Os políticos e a gente que se serve disto usam o país como uma manjedoura. Com quem gostava de debater estas questões?
Com Mário Soares, Manuel Carvalho da Silva, Jorge Coelho - agora, coitado, está impedido, por razões que são muito boas para ele -, com pessoas que liminarmente me consideram pessimista.
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