Porque se endivida o Estado no estrangeiro?
Perante a grave crise que afecta o nosso país, há uma pergunta que importa fazer: porque razão o Estado Português endivida-se no estrangeiro a 6% mas aos seus cidadãos paga menos de 1% pelos Títulos da Dívida Pública (Certificados de Aforro)?
A resposta reside no que se passou neste instrumento de dívida pública nos últimos dois anos. O Estado cortou a taxa de juro e acabou com a série B (que não tinha resgate obrigatório e dava 2% de prémio de permanência) e criou a muito pouco atractiva série C. Esta estranha opção foi acompanhada pela comunicação social que muito divulgou a pouca atractividade dos certificados de aforro, esquecendo-se, porém, de referir o citado prémio de permanência que tornava este produto no mais atractivo depósito a prazo. Mesmo hoje, a actual série C, a partir do 2.º ano, é a melhor proposta do género no mercado, mas ninguém refere isso.
Porém, a propaganda de denegrição dos certificados de aforro (Verão de 2008) levou a que muitos aforristas levantassem todo o seu dinheiro e o depositassem em dois bancos que ofereciam soluções de aforro muito favoráveis: o Banco Privado Português e o Banco Português de Negócios…
Importa pois perguntar, ou melhor, averiguar, se a decisão do Governo em cortar nas condições dos certificados de aforro se deveu, não ao superior interesse da Nação, mas à pressão deste sector bancário que já nesse Verão tinha uma certa “falta de liquidez” e viu na enorme massa dos certificados de aforro um apetecível tesouro para aplicar aos seus negócios desastrosos, como se viu pouco tempo depois.
Mas falando de futuro, o Estado tem uma forma fácil de se financiar. Em vez de se endividar nas praças internacionais a 6%, ofereça aos seus cidadãos um juro de 3% numa série D dos certificados de aforro, proposta que seria, de longe, a melhor oferta do género no mercado. Desta forma o Estado pouparia 50% em juros, prescindia de ter de amortizar de uma só vez a totalidade da sua dívida e, mais importante que tudo, endividava-se dentro de portas, junto dos seus cidadãos.
Muito lógico, é certo, duvido é que os bancos deixem?
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